Como o sequenciamento de genes está impulsionando pesquisas na oncologia
23/04/2024

O Sequenciamento de Nova Geração (NGS, do inglês Next Generation Sequencing) tem um papel fundamental na medicina atual, especialmente no campo da oncologia. Utilizando essa tecnologia de sequenciamento genético, um grupo de pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center descobriu uma estrutura do sistema imunológico que impacta diretamente na resposta ao tratamento de pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático, um dos tumores mais agressivos e letais que existem.

A pesquisa mostrou que os pacientes que conseguem formar, naturalmente, as chamadas “estruturas linfóides terciárias” resistem melhor ao curso natural da doença e estão mais propensos à resposta favorável com imunoterapia — tipo de tratamento que visa combater o avanço do câncer pela ativação do sistema imunológico do paciente.

O estudo durou 4 anos e analisou cerca de 250 pacientes. “Identificamos que cerca de 20% dos pacientes conseguem formar de maneira natural essa estrutura. E são justamente esses que possuem respostas clínicas mais aguçadas e sobrevivem de maneira prolongada”, explica o pesquisador e líder do grupo de Imuno-oncologia Translacional do A.C.Camargo, Tiago Medina.
 

O especialista ainda reforçou que, considerando a composição imune, o câncer de pâncreas é um tumor de menor infiltração. Isso significa que, se para esse tipo de tumor foi identificado 20% de pacientes, para outros tipos tumorais — que possuem maior infiltração — são esperadas frações maiores.

“Pensando em tumores sólidos, podemos esperar que cerca de 30% a 35% dos pacientes com câncer no mundo consigam formar essa estrutura. Então, temos uma fração muito considerável da população que pode ser beneficiada”, destaca Medina.

Em relação à imunoterapia, com a nova descoberta, é possível identificar os pacientes que teriam uma melhor resposta ao tratamento. Possibilitando que a indicação da abordagem seja mais assertiva, de forma a reduzir custos para o sistema de saúde e de preservar os pacientes, evitando que eles passem por procedimentos desnecessários e por efeitos colaterais.

Sequenciamento de nova geração (NGS)

Para esse estudo, foram utilizadas duas tecnologias de sequenciamento da Illumina, o Bulk RNA-Seq e o Single Cell RNA-Seq.

Conforme o pesquisador relata, a maior parte da pesquisa foi realizada utilizando Single Cell RNA-Seq. Com a tecnologia, a equipe conseguiu identificar os linfócitos T e B associados à formação das estruturas linfoides terciárias.

Isso porque ela permite uma avaliação individualizada das células. Eles identificaram as células que compõem a estrutura, como elas interagem e produzem moléculas capazes de destruir as células tumorais. “Aos poucos, fomos montando o quebra-cabeça e foi assim que entendemos que essas células reagem de forma intensa ao tumor”, explicou Medina.

Porém, o Bulk RNA-Seq também teve um papel fundamental na pesquisa. Com essa ferramenta, os pesquisadores conseguiram trabalhar com uma quantidade de pacientes maior e criaram uma assinatura molecular que permitiu identificar os pacientes que sobreviviam mais e os que sobreviviam menos.

As ferramentas são utilizadas para geração de dados diferentes, mas combinadas, elas se complementam.

“Elas fornecem uma riqueza de informações. Conseguimos de maneira estática – olhando um conjunto de células e de dados de expressão gênica e proteica obtidos de um único fragmento de tecido tumoral – identificar todas essas movimentações celulares e a geração das respostas antitumorais”, finaliza Tiago Medina.
 





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