Bebê morre em hospital de Santos (SP) após Estado descumprir liminar para transferência
21/05/2013
O descumprimento de uma decisão judicial levou à morte um bebê de um mês e meio de idade que deveria ter sido submetido a uma cirurgia cardíaca de emergência. O menino, que sofria de cardiopatia congênita, estava internado na Santa Casa de Santos (72 km de São Paulo) e, por ordem da Justiça, teria de ser deslocado com urgência a um hospital especializado da capital paulista.

Lucas Pereira Abrão morreu na madrugada dessa segunda-feira (20), e seu corpo foi enterrado no mesmo dia, no Cemitério da Grande Planície, em Praia Grande (71 km de São Paulo), onde moram os pais da criança. Médicos da Santa Casa poderiam ter operado o menino, mas o hospital não dispõe de UTI (unidade de terapia intensiva) infantil para pós-operatório em casos do gênero.

Os pais de Lucas apelaram à Defensoria Pública do Estado, e, há uma semana (no dia 14), o juiz da Infância e da Juventude e do Idoso em Santos, Evandro Renato Pereira, determinou à Secretaria Estadual da Saúde a transferência da criança "com urgência, até mesmo via helicóptero, […] para hospital de referência na capital".

Como não houve providências, o juiz enviou ofício ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na sexta-feira (17), para que mandasse providenciar o transporte imediato de Lucas a São Paulo. No sábado, o Palácio dos Bandeirantes informou à família que um helicóptero da Polícia Militar levaria o menino ao Incor (Instituto do Coração), em São Paulo –o que não ocorreu.

"Temos necessidade de uma UTI pediátrica para esses casos. Faz mais ou menos dez anos que estou pedindo a instalação, mas há uma série de dificuldades políticas. Se ele [Lucas] tivesse morrido comigo operando, é porque eu teria tentado. Mas morrer assim? Estou desesperado", afirmou o chefe do Departamento de Cirurgia Cardíaca da Santa Casa, César Augusto Conforti.

Em entrevista à TV "Tribuna", a assistente do Departamento Regional de Saúde da Baixada Santista, Ana Renata de Godoy, alegou que o Estado conseguiu uma vaga no Incor para domingo (19), a partir das 16h.

"Mas, por conta do quadro clínico da criança, em ventilação mecânica, antibioticoterapia, eles julgaram melhor esperar a estabilização para, depois, [providenciar] a transferência". A decisão, disse Ana, foi do "médico da nossa [central de] regulação [de vagas] do Estado".

Conforti discorda. "Clinicamente, se ele [Lucas] tivesse de ser operado, poderia ser transferido para São Paulo ou para a China. A UTI infantil é a solução, mas o problema é que não se fez nada. E a família ainda recorreu à Justiça. Imagine pessoas em piores condições, que não têm conhecimento. Infelizmente, não foi o primeiro caso e não será o último. Falta vontade política".

Até o momento, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde não se manifestou ao UOL.
Fonte: UOL




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