Novo Nordisk alerta sobre risco da diabetes afetar os sistemas de saúde
06/11/2017
O chefe da maior fabricante mundial de insulina, a Novo Nordisk, fez um chamado geral pedindo que sejam tomadas medidas para conter o ritmo implacável de aumento na diabetes pelo mundo. Caso contrário, os sistemas de saúde vão ficar sobrecarregados e incapazes de arcar com remédios inovadores, argumentou. 

O alerta extraordinário do executivo-chefe do laboratório, Lars Fruergaard Jorgensen, que, se ouvido, poderia limitar a demanda futura pelo principal produto da própria farmacêutica dinamarquesa, foi feito durante conferência internacional sobre a diabetes urbana em Houston, no Texas. 

Jorgensen disse ao "Financial Times" que hoje um em cada onze pacientes sofre de diabetes e, se a atual tendência de aumento continuar, a proporção passará para um em cada nove pacientes em 2045, o que equivaleria a 725 milhões de pessoas no mundo. 

Uma das principais causas da diabetes é a obesidade. Uma redução de 25% nas taxas de obesidade seria suficiente para alterar "a curva" de aumento no número de diabéticos, disse o executivo-chefe do laboratório farmacêutico, que tem sede em Copenhague.

Um relatório divulgado na conferência, que teve o apoio de uma coalizão internacional de cidades (70% dos diabéticos vivem em zonas urbanas), projeta que os gastos de assistência médica relacionados à diabetes poderiam chegar a mais de US$ 1 trilhão em 2045, em comparação aos atuais US$ 775 bilhões, um aumento de quase 40%, segundo uma estimativa conservadora. 

Esse nível de aumento não é "sustentável para as sociedades, porque os custos relacionados a todas essas pessoas com diabetes vão abrir um grande buraco na maioria dos sistemas de assistência médica", disse Jorgensen. "[Isso] impactaria nossos negócios negativamente." 

"Se não alterarmos a curva, todo o sistema vai ficar ainda mais pressionado e a capacidade para arcar com inovações, ser menor", acrescentou o executivo. 

A Novo Nordisk enfrenta pressões de preço significativas, em particular nos Estados Unidos, e prevê que o valor médio, incluindo descontos, de seus principais produtos com insulina provavelmente será menor em 2018 do que neste ano.

Quando divulgou o balanço mais recente da empresa, em agosto, Jorgensen destacou a importância dos produtos inovadores para a saúde financeira da empresa. O crescimento de 4% nas vendas totais, para 57,1 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de US$ 9,02 bilhões), foi sustentado em parte por medicamentos inovadores nas áreas de diabete e de obesidade, de acordo com o executivo. 

Em entrevista ao "Financial Times", Jorgensen argumentou que ainda há espaço considerável para crescer no mercado de combate à diabetes. 

Atualmente, apenas cerca de 6% de todas as pessoas com diabetes são efetivamente tratadas para evitar o estágio mais perigoso da doença, que traz possíveis riscos de morte. "Estamos longe de ter identificado todas as pessoas com diabetes e [de estar] com todas elas em tratamento, então vemos isso como uma ampla oportunidade para nós ainda crescermos". 

Em 2016, um remédio da empresa contra a obesidade, o Saxenda, teve vendas de 1,6 bilhão de coroas, um aumento de 245% em relação ao ano anterior. Jorgensen acredita que o novo empenho que se vê no mundo para reduzir problemas sérios de peso poderia ampliar o mercado para o medicamento. 

A empresa tem outro produto por ser lançado, o Semaglutide. O remédio, segundo a Novo Nordisk, poderia permitir reduções de peso equivalentes às obtidas por intervenções cirúrgicas, como as bandas gástricas para redução do estômago. 

É necessário que o uso do medicamento seja acompanhado com "alterações no estilo de vida", como dietas e exercícios, ressaltou o executivo. 

Não há mágica para reduzir a obesidade, disse Jorgensen. Ele sugeriu possíveis melhoras no planejamento urbano, que facilitem a locomoção de pessoas ao trabalho a pé ou de bicicleta. Também citou iniciativas nos EUA, onde grupos religiosos ajudaram a instruir as pessoas sobre os fatores de risco, e na China, onde milhares de médicos foram treinados para combater a diabetes.
Fonte: Valor




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