Imunidade adquirida na dengue ajuda a proteger contra o zika
16/11/2017
Primeiro, cientistas infectaram cobaias com dengue. Depois, camundongos foram alvo do zika. Ao final, o grupo com dengue desenvolveu forma amena da infecção por zika. 

Estudo publicado na "Nature Communications" nesta segunda-feira (13) mostra que a imunidade adquirida após uma infecção pelo vírus da dengue pode ajudar a proteger contra o vírus da zika. 

Em testes em camundongos, o estudo identificou que cobaias imunes à dengue também desenvolveram proteção cruzada contra o zika. Depois, pesquisadores identificaram também que tipos especificos de células de defesa -- os linfócitos T CD8 -- têm ação combinada contra os dois vírus. 

O trabalho teve como primeiro autor Jinsheng Wen, do Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhou, na China. Wen também é colaborador no Instituto La Jolla de Alergia e Imunologia, na Califórnia (EUA). 

Os achados são particularmente importantes para a tentativa do desenvolvimento de uma vacina contra o zika e a dengue em todo o mundo. 

Uma segunda importância do estudo é que ele indica preliminarmente que a dengue não aumenta a gravidade de infecções por zika -- uma possível interação entre infecções cruzadas foi uma das muitas hipóteses levantadas durante o início da epidemia por zika no Brasil. 

Agora, após o avanço do conhecimento científico, a ideia é outra: talvez seja justamente uma infecção prévia da dengue que impede o zika de ter consequências mais graves, como as anomalias em bebês. 

Cérebro apresentava menos cópias do vírus 

Pesquisadores fizeram um estudo do tipo controle para testar a possível imunidade "cruzada" entre os dois vírus. 

Primeiro, infectaram camundongos com o vírus da dengue. As cobaias ficaram doentes, mas se recuperaram da infecção -- o que demonstra que adquiriram imunidade. 

Após a recuperação, animais foram infectados novamente com o vírus da zika. Também um outro grupo, não infectado anteriormente com o vírus da dengue, foi alvo da infecção pelo zika. 

Nos resultados, o grupo anteriormente infectado com dengue apresentou carga reduzida de zika no sangue, nos tecidos e no cérebro. 

A descoberta dos testes indica preliminarmente, assim, que a defesa adquirida contra a dengue pode ajudar a mitificar os efeitos neurológicos advindos do zika -- já que menos cópias do vírus foram identificadas no cérebro. 

Vacina deve ter por alvo dois tipos de célula de defesa 

Um outro resultado importante da pesquisa é a descoberta da ação dos linfócitos T CD8 na imunidade contra os dois vírus. Isso porque a maioria das vacinas em andamento tem atuação somente contra os linfócitos B. 

As células de defesa do tipo B são as que produzem anticorpos após o contato com uma infecção. Essa ação tem por vistas o sistema imune adaptativo: aquele que desenvolve imunidade com vistas a um ataque futuro. 

Já as células do tipo T, além de focar infecções futuras, têm uma ação direta sobre o invasor -- sem necessariamente o envolvimento de um anticorpo. 

No caso do estudo, cientistas demonstraram que é o linfócito T CD8 que tem ação conjunta. O CD8 é um tipo de proteína que aparece na superfície da célula. Ele tem a função de se ligar a outras proteínas que estão na superfícies de vírus -- num mecanismo chave-fechadura que facilita a destruição dos patógenos. 

Jinsheng Wen, primeiro autor do estudo, pontua que foi observada a ação dos dois tipos de célula na proteção. Segundo ele, as vacinas em andamento devem ter por alvo uma ação conjunta entre linfócitos B e T. 
Fonte: Unidas




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