Mobilização nacional quer mostrar à população as condições de trabalho dos profissionais
O Tempo
03/07/2013

Mobilização nacional quer mostrar à população as condições de trabalho dos profissionais

Entrevista com o Presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes, que fala sobre as motivações para a mobilização e as pautas de negociação com o governo.
Médicos vão às ruas contra vinda de gringo
Médicos vão às ruas contra vinda de gringo
Sob a justificativa de que apenas aumentar a quantidade de profissionais não seria suficiente para melhorar o setor da saúde no Brasil, médicos de Minas fazem hoje uma caminhada pelas ruas de Belo Horizonte e de outras capitais do país para protestar contra a importação de médicos formados no exterior, sem a revalidação do diploma. Uma enquete feita ontem por O TEMPO ouviu 20 médicos e constatou que todos eles são contra estrangeiros atuarem no país sem terem seus conhecimentos testados por meio do Revalida – prova aplicada para legitimar o diploma de médicos formados em outros países.

No último dia 21, durante pronunciamento em rede nacional, a presidente Dilma Rousseff propôs incentivar a contratação de médicos estrangeiros para trabalhar exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a descartar a revalidação automática dos diplomas e a afirmar que o governo criaria um método para avaliar os médicos, mas a questão ainda gera polêmica.
 A concentração será em frente à sede do conselho, à avenida Afonso Pena, 1.500, no centro. “Esta é uma mobilização para tentar mostrar para a população que a principal questão não é o número de médicos, mas as condições de trabalho em que eles se encontram”, disse o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Soares. Ele explicou que muitos dos profissionais formados em escolas da América Latina não têm capacidade técnica para atuar no Brasil.
A intenção do governo é contratar até 6.000 médicos de Cuba, além de profissionais de Portugal e da Espanha, para atuar em regiões carentes. Médicos oriundos de Cuba, segundo Soares, têm formação acadêmica “precária”. “Ele não sabe nada de tomografia, de ressonância. Esse é um médico ‘pé-no-chão’, que fez um curso básico”, disse, destacando que é baixo o índice de aprovação no Revalida – teste que apresenta aprovação maior quando aplicado nos residentes brasileiros.
Opinião similar tem o presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Lopes Ferreira. Para ele, a deficiência de profissionais em algumas regiões do país é motivada pela falta de estrutura e garantias no contrato. “O que a gente vê hoje são salários enormes, mas os contratos são precários, não têm a menor garantia”. Ferreira ressaltou que, em cidades menores, os profissionais costumam ter salários atrasados ou mesmo perder o emprego após eleições.
“O médico vai trabalhar no interior e não consegue os exames necessários nem lugar para encaminhar o paciente. É um risco que ele assume”, completou o presidente do CRM.

Propostas. Para solucionar parte dos problemas da saúde, o movimento – que ainda tem a participação do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais e de entidades nacionais como a Associação Médica Brasileira – desenvolveu propostas a serem levadas para o governo. A categoria coleta assinaturas para tornar viável a apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde +10, que prevê mínimo de 10% da receita bruta da União em investimentos na saúde.
O grupo ainda apoia a aprovação da PEC 454, que prevê carreira de Estado para os médicos, o que, segundo eles, estimularia os profissionais a atuarem no interior.




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