Convênios médicos negociam reajuste médio de 20%
Valor Econômico
04/07/2013

Convênios médicos negociam reajuste médio de 20%

Por Beth Koike | De São Paulo

As operadoras de planos de saúde estão propondo um reajuste médio de 20% para as empresas que oferecem esse tipo de benefício a seus funcionários. Trata-se da maior média dos últimos cinco anos, segundo dados de oito importantes operadoras de planos de saúde (ver tabela), consultoria Aon e Fenasaúde, a associação que reúne as operadoras.

O percentual de aumento varia conforme a taxa de sinistralidade da empresa que contrata o plano. Ou seja, quanto mais o convênio médico é usado, maior é o reajuste e vice-versa. Nos casos em que o uso do convênio foi bem controlado, há, em geral, apenas a reposição da variação dos custos médico-hospitalares (ou inflação médica, no jargão do setor). A Bradesco está negociando reajustes entre 13,29% (repondo a inflação médica) e 20% junto a seus clientes, segundo o presidente da seguradora de saúde, Marcio Coriolano. Na Intermédica, esse percentual é de 26,75% e na SulAmérica gira na casa dos 16%. A SulAmérica informa que não é possível definir uma média de reajuste devido às diferentes características de cada contrato.

 

 

O que puxou para cima o reajuste dos planos de saúde foram os gastos com internações, honorários médicos, exames e outros procedimentos do gênero. A variação dessas despesas neste ano atingiu 15,45%. No ano passado foi de 13%. "A inflação médica é mais de duas vezes superior à inflação geral. Os principais fatores são introdução de novos medicamentos e tecnologias e mais tempo de vida das pessoas", explica Humberto Torloni, vice-presidente da Aon, consultoria que administra uma carteira com 1,6 milhão de usuários de planos empresariais.

A internação é apontada como a "vilã" da inflação médica, uma vez que é neste tipo de procedimento que normalmente são usados novos medicamentos e tecnologias, além de órteses e próteses importadas. A internação representa a metade de todos os gastos médico-hospitalares de uma operadora. "Nas operadoras ligadas à Fenasaúde, no acumulado dos últimos cinco anos, somente a despesa com internação aumentou 223,3%. Foi um percentual muito superior aos gastos médicos totais, que aumentaram 133,8%", disse José Cechin, diretor executivo da Fenasaúde, entidade que representa cerca de 30 operadoras.

"O que contribui para aumentar os custos de saúde é que vivemos um sistema de adição e não substituição. Por exemplo, ainda é comum o médico pedir exames de ressonância e chapa ao mesmo tempo", disse Ricardo Lobão, CEO da UIB Benefícios, consultoria especializada em saúde.

Diante de tais altas, já se espera uma queda de braço acirrada entre operadoras e as empresas contratantes de planos de saúde. Nos últimos anos, o que se viu é que as empresas conseguiram negociar. Em 2012, a receita das operadoras somou R$ 97,2 bilhões, aumento de 13,9%. Já as despesas médicas bateram nos R$ 79,9 bilhões, um reajuste superior, de 15,9%. O resultado foi uma margem operacional negativa de 1,3%.

Entre as operadoras ligadas à Fenasaúde, o desempenho foi melhor. No ano passado, a margem operacional ficou positiva em 2,8%, mas ainda assim representou uma queda de 1,2 ponto percentual em relação a 2011. O motivo é que os grupos ligados à entidade são de grande porte e conseguem diluir os sinistros de valor elevado em sua carteira de clientes.

Com esse cenário, as empresas, em especial as de grande porte e multinacionais, estão adotando programas que acompanham de perto os hábitos de vida de seus funcionários e como eles usam o convênio, além de buscar novas ferramentas para tentar segurar a sinistralidade como o "stop loss" - uma espécie de resseguro para gastos médicos extraordinários de alto custo (ver abaixo).

A fim de controlar o custo do plano de saúde - que representa a segunda maior despesa da área de recursos humanos - as empresas também estão adotando algumas medidas: o funcionário paga uma parte da consulta ou do procedimento médico (para inibir o uso excessivo); doentes crônicos têm acompanhamento regular (a fim de evitar internações); pagamento de academia de ginástica; tratamento com médicos "medalhões" em casos de alta complexidade; contratação de médicos próprios para orientar o empregado (evitar consultas desnecessárias). Segundo dados da consultoria SantéCorp, uma pessoa que agenda mais de 17 consultas por ano, provavelmente, passa por algum problema que deve ser administrado.

"Os programas de acompanhamento não reduzem custos até porque a cada ano são introduzidas novidades tecnológicas. Mas é possível controlar o aumento excessivo", disse Lobão, da UIB Benefícios, que acompanha 20 empresas - Heineken, Petrobras, ProSegur e Fundição Tupy, entre elas.



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