Ganho de escala é desafio no país
Por Janes Rocha | Para o Valor
30/08/2013

A expansão nacional ou mesmo internacional ainda está distante da realidade das redes de pizzarias brasileiras. Embora existam marcas de grande sucesso no país - algumas icônicas -, elas não conseguiram chegar a todo território nacional e tampouco ao exterior.

"Não temos pizzarias com larga escala no mercado brasileiro", constata André Friedheim, diretor internacional da Associação Brasileira de Franchising (ABF). lembrando, no entanto, que este panorama pode estar começando a mudar com o forte crescimento recente do serviço de delivery. Segundo ele, já existem pizzarias em processo de estruturação por meio de franquias para atuar em âmbito nacional. Didio's, Babbo Giovanni, Patroni estão entre as empresas que estão buscando a expansão territorial, não apenas pelo franqueamento.

 
 

 

Em parceria com a Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex), a ABF está trabalhando em um programa de internacionalização de marcas brasileiras com apoio a franquias que queiram abrir uma operação no mercado exterior. Friedheim diz que esse programa já incluiu marcas conhecidas de diversos produtos como Boticário, Wizard, Hering e algumas do ramo de alimentos como Vivenda do Camarão e Bob's. Mas não teve demanda de nenhuma rede de pizzarias.

As poucas iniciativas de brasileiros com pizzarias no exterior não têm relação com empreendimentos brasileiros e sim com investimentos isolados feitos no exterior por razões pessoais dos empreendedores, destaca o consultor Adilson Barboza, da Adec - Gestão Administrativa e Planejamento. Ex-proprietário de pizzarias (já teve quatro), de restaurantes e churrascarias, há cinco anos Adilson resolveu se dedicar à consultoria, tendo ajudado até agora oito empresas a implantar seus restaurantes, uma delas em Luanda, Angola.

Barboza diz desconhecer redes brasileiras que tenham conseguido fazer uma expansão sistemática de um estado para outro, o que não é difícil entender. "Pizza é mais artesanal e nem sempre os ingredientes estão disponíveis em todos os locais, o que pode levar à desconfiguração da imagem da marca".

Embora a dificuldade em padronizar ingredientes em diferentes localidades possa ser um empecilho também para redes internacionais, Barboza lembra que as multinacionais como Domino's e Pizza Hut levam vantagens que os brasileiros não têm e que ajudam a minimizar o problema. Por exemplo, capital farto e barato na matriz para aquisição de equipamentos e tecnologia de última geração e também para projetos de internacionalização, além de gestão profissionalizada.

Carlos César Zopetti, presidente da Associação Pizzarias Unidas de São Paulo, entidade que representa 60 empresas com mais de 10 mil pizzarias só neste Estado, destaca outros motivos pelos quais pizzarias brasileiras não conseguiram atingir o grau de expansão nacional e internacional de cadeias estrangeiras. Em missões ao mercado americano realizadas anualmente pela entidade - com apoio do Sebrae e de organizações internacionais do setor -, Zopetti conclui que uma das diferenças fundamentais é cultural: o hábito dos americanos de comer pizza a qualquer hora, inclusive no almoço, enquanto, para os brasileiros, a pizza é um dos pratos prediletos apenas no jantar.

Esse consumo 24 horas dá uma vantagem determinante às multinacionais da pizza: escala. Com produção intensa e diária, algumas redes americanas de pizza conseguiram expandir fortemente a nível nacional e até internacional, deixando para trás milhares de concorrentes que preferiram atuar localmente.

Segundo Zopetti, a cultura brasileira da pizza no jantar acaba trazendo um custo maior em termos de localização dos imóveis que, além disso, têm tido forte valorização em todo país, especialmente nos maiores mercados consumidores - São Paulo e Rio de Janeiro. "Se você conseguir operar durante todo o dia, amortiza bem o custo do imóvel", afirma o presidente da Associação das Pizzarias.

No entanto, empresas consolidadas tropeçam mais na avaliação de aspectos financeiros, especialmente nos gastos, diz Juarez de Paula. Para ele, questões como a do custo de locação de imóveis ou de energia elétrica podem ser equacionadas apenas com uma gestão mais eficiente. "Muitas vezes, o comerciante não se dá conta, mas ele tem gastos excessivos com a energia elétrica que poderiam ser bastante reduzidos. Observamos que alguns empresários, adotando práticas sustentáveis como a eficiência energética, diminuem em até 70% o consumo da eletricidade. Uma postura assim certamente vai ajudar a equilibrar as contas".



 





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