Tamanho não é documento em investimento tecnológico
07/10/2013 - por Gustavo Brigatto

A Nanotech, uma pequena empresa de nanotecnologia aplicada ao isolamento térmico e acústico do interior de São Paulo, planeja dobrar a receita mensal até meados de 2014, mas o número de contratações previsto para alcançar esse objetivo obedece a um ritmo muito menor. A ideia é acrescentar apenas cinco pessoas à equipe, atualmente de 20 funcionários, diz José Floriano Faria, fundador da empresa.

Para atingir esse objetivo todos os profissionais - novos e antigos - terão à disposição sistemas de tecnologia avançados, mais comuns nas grandes empresas, que contam com orçamentos mais generosos. A lista de compras inclui softwares para análise de grandes volumes de dados e o uso de sistemas pela internet no modelo de computação em nuvem. "Tecnologia é fundamental para fazer mais com menos. É um investimento que traz economia", diz Faria.

 
 

 

O caso da Nanotech é apenas um exemplo de como as companhias de pequeno e médio portes estão reservando mais recursos para a área de tecnologia, que, como nos grandes negócios, passou a ser vista como estratégica.

Segundo um estudo da companhia de pesquisa Boston Consulting Group (BCG), encomendado pela Microsoft, o avanço no uso de sistemas e equipamentos por pequenas e médias empresas (PMEs) pode ajudá-las a aumentar as receitas em US$ 770 milhões, com a geração de 6,2 milhões de empregos nos próximos anos em cinco países, entre eles o Brasil.

O estudo também mostra que as PMEs que investem mais em tecnologia, como a Nanotech ou a corretora de seguros Gebram, também do interior de São Paulo, apresentaram um crescimento que supera em 15 pontos percentuais o resultado de outras, que não aplicaram tantos recursos na área em três anos. A Gebram desenvolve as atualizações de seu sistema de banco de dados internamente, para ganhar agilidade.

No estudo, as PMEs foram divididas em três níveis de adoção tecnológica: as retardatárias (que não vão além do uso de sistemas de edição de textos e planilhas eletrônicas), as seguidoras (que mantêm um site, usam e-mail e outros sistemas) e as líderes (que usam ferramentas avançadas, como sistemas de gestão).

O movimento adicional de US$ 770 bilhões indicado pelo estudo pode ser alcançado se 15% das retardatárias e 30% das seguidoras atingirem o status de líderes nos próximos anos.

O Brasil é um dos destaques na pesquisa, com resultados superiores aos dos demais países em todas as categorias. Seguindo o mesmo critério de migração de retardatárias e seguidoras para a posição de líderes, o incremento na economia brasileira pode somar US$ 122 bilhões, de acordo com o levantamento, com a geração de 2,5 milhões de empregos.

Tomando os últimos três anos como base, o estudo mostra que o crescimento das PMEs que investem alto em tecnologia superou em 16 pontos percentuais o das que aplicam menos recursos. "As PMEs são muito importantes para o PIB e acelerar o uso de TI pode ser um vetor de crescimento econômico", disse Julio Bezerra, diretor do BCG.

A pesquisa envolveu 4 mil PMEs na Alemanha, nos Estados Unidos, no Brasil, na China e na Índia. O critério de seleção variou de país para país - no mercado brasileiro e indiano, por exemplo, estão na categoria empresas com até 249 funcionários. Na China, companhias que empregam até dois mil pessoas são consideradas PMEs.

O acesso à tecnologia pelas pequenas empresas sempre foi um desafio. Faltam recursos para investir e conhecimento tecnológico para fazer as compras mais adequadas. Até pouco tempo atrás, fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de sistemas também não se preocupavam muito em criar produtos específicos ou facilitar o entendimento de suas ofertas para atrair esse público.

Nos últimos anos, no entanto, o cenário vem se alterando. Com a desaceleração da economia nos países desenvolvidos, as companhias de tecnologia voltaram suas atenções aos emergentes, onde o porte e os orçamentos das empresas é mais restrito. Para as companhias de menor porte, foi preciso desenvolver produtos direcionados, mais baratos e fáceis de usar. A maior intimidade das pessoas com a tecnologia no dia a dia, devido aos smartphones e tablets, também tem estimulado as compras das PMEs. Na integradora Genesis, as pequenas e médias empresas, que passaram a receber atenção há cinco anos, já representam 30% da receita e são o segmento que cresce mais rapidamente, diz Jairo Brito, diretor comercial da companhia.

Na avaliação de Thomas Hansen, vice-presidente global para PMEs da Microsoft, a oferta de sistemas no modelo de computação em nuvem continuará a ser um propulsor de investimentos. Para ele, a atuação dos governos também será importante para fomentar as compras das companhias menores, com a criação de incentivos fiscais para as compras de TI.





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