Limites de blindagem são evidentes
14/10/2013 - por Por Do Rio

Governança corporativa não é sinônimo de estratégia de negócio, mas afeta a taxa de sucesso de uma empresa. Principalmente quando falha. Excesso de concentração de poder dos dirigentes, conselhos de administração ineficazes, passividade do investidor, erros de auditorias e agências de rating e regulação deficientes são apontados pelos especialistas como as causas mais comuns para casos que com alguma regularidade surpreendem e até abalam o mercado. O caldo de cultura que inevitavelmente empurra o negócio para o fracasso também costuma ter como ingredientes, segundo os especialistas, uma atmosfera interna de ganância e arrogância, ausência de ética no topo da organização, ilusão de sucesso do negócio e governança corporativa apenas como ferramenta de marketing.

Os limites da blindagem têm exemplos emblemáticos. Instituições tradicionais como os bancos Société Générale e Lehman Brothers, a Satyam Computer, a seguradora AIG e a fabricante de produtos óticos Olympus são algumas das vítimas de desvios nos processos, políticas e leis que regulam a maneira como uma empresa é dirigida. No Brasil, Sadia, Aracruz e os bancos Santos, Cruzeiro do Sul e Panamericano integram a lista. A Siemens, que aparece nas suspeitas de cartel no Metrô de São Paulo, já havia pagado multas somadas de US$ 1,6 bilhão aos reguladores americano e alemão por ter trocado com governos de diferentes países contratos por propinas estimadas em US$ 1,4 bilhão, entre 2001 e 2008, embora o relatório anual de 2005 afirmasse que "nossa meta é nos tornarmos os 'melhores da classe' em governança corporativa, sustentabilidade e cidadania corporativa [...]. Regras e diretrizes asseguram que todas as nossas negociações são éticas e aderentes às exigências legais."

O mais novo caso emblemático é o que envolve as empresas do grupo OGX, do empresário Eike Batista. O valor do grupo, que chegou a ser avaliado em R$ 98 bilhões, hoje não passa de R$ 2 bilhões. "Há sinais bem significativos de gap de governança na OGX. Alguma coisa contaminou outras empresas do grupo e isso pode ser explicado pelo compartilhamento de conselheiros. Em bancos, o efeito contágio é evidente e bem regulado, mas em empresas não financeiras é pouco explorado", diz o professor Wesley Mendes, da FGV/Eaesp.

"O caso da empresa X é de evidente má governança. Em muitos casos a governança corporativa é apenas uma ferramenta de marketing e de check list mais voltada ao fortalecimento da imagem da empresa do que a princípios éticos e de aprimoramento da gestão", afirma Alexandre Di Micelli, de Fipecafi. (PV)


 




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