Mais de 80% das mortes por pneumonia no país são de idosos
12/06/2019

Dados do Ministério da Saúde revelam uma vulnerabilidade maior de pessoas acima de 60 anos às complicações causadas pela doença; saiba como prevenir.

Oito em cada dez mortes por pneumonia no Brasil entre 2015 e 2017 foram de idosos, o que corresponde a mais de 80% das mortes pela doença. Nesse período, foram registrados cerca de 200 mil óbitos por causa da doença, uma média de 66,5 mil casos por ano, ou sete por hora.

Os dados do Ministério da Saúde revelam uma vulnerabilidade maior de pessoas acima de 60 anos às complicações causadas pela pneumonia.

Além de uma imunidade naturalmente reduzida em relação aos mais jovens, os idosos costumam ter outros problemas de saúde que diminuem a capacidade do organismo de lutar contra agentes invasores, observa o médico pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“O fator idade é o de mais gravidade da pneumonia. Com a idade avançada, o sistema imunológico já não responde tão bem como antes. Nos idosos, há mais diabetes, hipertensão, doenças cardiológicas e renais. Esses fatores também aumentam o risco de óbito. Outros sistemas não estão atuando, digamos, 100%.”

A chegada do frio também exige atenção especial, segundo Fiss.

“O inverno traz fatores de risco de alguma maneira. Existe a sazonalidade do influenza e de outros vírus que circulam no hemisfério no inverno. Ambientes fechados em dias de muito frio propiciam a transmissão com facilidade de uma para a outra. O ar frio repentino, como tivemos na semana passada, de 28°C para 12°C, é um grande irritante das vias aéreas.”

O frio faz com que os cílios das vias aéreas, que filtram o ar respirado, tenham seu funcionamento comprometido. Assim, a pessoa fica mais exposta aos micro-organismos que causam a doença.

Uma gripe pode ser a “porta de entrada” para as bactérias que causam a pneumonia.
As bactérias do tipo Streptococcus pneumoniae (conhecida como pneumococo), Mycoplasma pneumoniae, e o vírus Haemophilus influenzae são os principais causadores da enfermidade.

Somado a isso, o médico pneumologista Mauro Gomes explica que idosos podem ter problemas de disfagia, que é uma dificuldade mecânica para engolir alimentos ou líquidos, provocando refluxos.

“Essas bactérias que causam a pneumonia estão na boca sem provocar qualquer problema. Se por alguma forma elas chegam aos pulmões, surge a pneumonia. Não precisa estar gripado para ter uma pneumonia.”
Ele acrescenta que o fato de muitos idosos estarem acamados é outro fator de risco.

“O fato de estar deitado favorece porque tem mais refluxo. Então, não pode comer na cama, inclinado… não pode deitar depois de comer.”

Em artigo publicado no Manual MSD, o médico e professor norte-americano Sanjay Sethi esclarece que “indivíduos saudáveis comumente aspiram pequenas quantidades de secreções orais, mas os mecanismos de defesa normais geralmente eliminam o inóculo sem sequelas”.

“A aspiração de grandes quantidades ou a aspiração em um paciente com comprometimento das defesas pulmonares com frequência provoca pneumonia e/ou abscesso (abscesso pulmonar). Os pacientes idosos tendem a aspirar por causa de condições associadas ao envelhecimento que alteram a consciência, como o uso sedativo e distúrbios (p. ex., distúrbios neurológicos, fraqueza)”, conclui.

Como identificar e prevenir

Os sintomas da pneumonia incluem cansaço, tosse, batimentos cardíacos acelerados (taquicardia), falta de ar e febre.
A recomendação dos médicos é que a pessoa seja levada com urgência a um hospital para passar por avaliação. Exames como raio-x do tórax são usados para o diagnóstico.

O tratamento é feito com antibióticos. Mas os médicos têm a preocupação da resistência de muitas bactérias a essas substâncias. Por isso, a melhor forma de evitar complicações é a prevenção.

A vacina contra a gripe pode reduzir em até 45% as internações hospitalares por pneumonia e em até 75% o risco de morte pela doença, segundo o Ministério da Saúde.

Também existe a vacina contra o pneumococo. Na rede pública, ela não é tão eficaz, de acordo com o médico. Na rede privada, pode ser encontrada a partir de R$ 200 e toma-se dose única.

“Essa vacina traz uma imunidade. Não vai ser 100%, mas vai reduzir em torno de 50% ou até 70% o risco de morte pelo pneumococo”, acrescenta o pneumologista Mauro Gomes.

Além disso, idosos com comorbidades devem ter atenção especial. A higiene bucal é vista como extremamente importante na prevenção de pneumonias.

“Os pacientes com disfagia (decorrente de acidente vascular cerebral ou outras condições neurológicas) podem exigir dietas com texturas especializadas para reduzir o risco da aspiração. Um fonoaudiólogo pode ser capaz de treinar os pacientes em estratégias específicas (exercícios para o queixo etc.) para reduzir o risco da aspiração. Para pacientes com disfagia grave, uma gastrostomia percutânea ou tubo de jejunostomia [sonda] muitas vezes é usado, embora não esteja claro se essa estratégia realmente reduz o risco de aspiração. A otimização da higiene bucal e a prestação de cuidados regulares por um dentista podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de pneumonia ou abscesso em pacientes com aspiração repetida”, recomenda o médico Sanjay Sethi.

Fonte: R7




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