Tomografia computadorizada favorece o diagnóstico precoce do câncer de pulmão em fumantes
28/08/2018
Estudo inédito do A.C.Camargo Cancer Center mostra que o rastreamento por tomografia computadorizada em pessoas com alta exposição ao tabaco é capaz de identificar a doença logo no início, antes de haver sintomas. Estratégia é capaz de reduzir em 20% a mortalidade pela doença

Assim como a mamografia, que é um exame utilizado no diagnóstico precoce de câncer de mama, a tomografia computadorizada do tórax está se mostrando também um exame eficaz em identificar o câncer de pulmão em fase inicial. A nova evidência é trazida pelo A.C.Camargo Cancer Center, centro integrado de diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa do câncer.

Entre 2015 e 2017, o A.C.Camargo recrutou 750 indivíduos fumantes com alta exposição ao tabaco, com idade entre 55 e 74 anos, ou ex-fumantes que pararam de fumar há menos de 15 anos. Eram também pessoas assintomáticas e que nunca tiveram o diagnóstico de câncer de pulmão. Mais de 500 indivíduos preencheram todos os critérios de inclusão e participaram do estudo, sendo submetidos à tomografia computadorizada de baixa dose (low-dose computed tomography - LDCT). O percentual de resultados positivos em estágio inicial da doença e que foram confirmados por biópsia mostra que o rastreamento foi eficaz.

Foi adotada a mesma metodologia do mais robusto estudo mundial já realizado sobre o papel da tomografia computadorizada de baixas doses no rastreio de fumantes com alta carga tabagica. A pesquisa, publicada em 2011 no The New England Journal of Medicine - http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1102873 - foi realizada por 33 centros médicos, a maioria dos Estados Unidos que, juntos, reuniram 53 mil indivíduos com alto risco para câncer de pulmão. Eles foram submetidos ao rastreamento populacional por tomografia e radiografia de tórax e observou-se a redução de 20% da mortalidade por câncer entre os indivíduos que fizeram a tomografia. 

Assim como nesse trabalho, o estudo brasileiro mostrou que a prevalência de câncer de pulmão na população de alto risco é de cerca de 1%, dado que reforça que este programa de rastreamento pode ser adotado como medida adicional às campanhas de combate ao tabagismo. Além disso, todos os pacientes diagnosticados com câncer de pulmão durante a pesquisa tiveram a lesão descoberta em fase inicial de seu desenvolvimento, quando são maiores as chances de controle do tumor e é menor o risco de volta da doença. Sem a adoção de medidas de rastreamento, o câncer de pulmão é diagnosticado em fase avançada de seu desenvolvimento em mais de 70% dos casos. 

Conforme explica o radiologista do Departamento de Diagnóstico por Imagem do A.C.Camargo, Marcos Duarte Guimarães, outra vantagem do diagnóstico precoce é que, além de estar associado com melhor prognóstico, também resulta em tratamento com menor custo e com menor impacto na qualidade de vida do paciente, enquanto a doença avançada está associada a alto custo e tratamento, na maioria das vezes, apenas paliativo. “A interrupção do tabagismo e a detecção precoce são os métodos mais efetivos para redução de mortalidade”, reforça.

De acordo com o cirurgião oncologista e líder médico de Pulmão e Tórax do A.C.Camargo, Jefferson Luiz Gross, esses estudos demonstram o quanto o rastreamento pode ser custo-efetivo quando selecionada a população correta. “Esse exame, como estratégia de prevenção, é benéfico quando aplicado em pacientes de alto risco (fumantes que consomem 30 maços/ano) e em protocolos de baixa dose de radiação. É fundamental que a informação chegue até essas pessoas, aumentando a chance de êxito dessa estratégia. Estima-se que nos Estados Unidos, por exemplo, menos de 2% da população com indicação façam os exames rotineiramente”, ressalta.

TOMOGRAFIA DE BAIXA DOSE – Os indivíduos que são elegíveis ao rastreamento são encaminhados para o exame de tomografia computadorizada de baixa dose. De acordo com as linhas de conduta determinadas pelo NCCN - http://www.jnccn.org/content/16/4/412.full.pdf+html – é recomendada a repetição anual do exame. Caso um nódulo seja encontrado, a periodicidade pode ser aumentada para intervalos de três ou seis meses. “Dependerá da gravidade do que for encontrado”, explica Marcos Duarte.

O radiologista ressalta que a baixa dose de radiação aplicada durante o exame é segura até mesmo para os pacientes que realizam o procedimento com maior periodicidade. A carga de radiação utilizada é cerca de quatro vezes menor que a adotada na tomografia computadorizada convencional.

PRÓXIMOS PASSOS - A linha de pesquisa segue em andamento no A.C.Camargo. O objetivo é dar prosseguimento às análises dos resultados do rastreamento de câncer de pulmão por TC de baixa dosagem usando um documento universal chamado relatório de triagem e também o sistema de dados Lung-RADS, que é uma ferramenta adotada na padronização da classificação das lesões pulmonares. Os resultados preliminares foram recentemente apresentados na Conferência Mundial de Câncer de Pulmão, realizada em Yokohama, no Japão, e também no evento Next Frontiers to Cure Cancer, realizado pelo A.C.Camargo, em São Paulo.
Fonte: Anahp




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