O número de mortes causadas pela pandemia do coronavírus chegou a 1 milhão em todo o mundo nesta segunda-feira, em um momento em as nações continuam a lutar para conter um vírus que sobrecarregou os sistemas de saúde, derrubou economias e reformulou a vida diária em todo o mundo.
A covid-19, a doença causada pelo vírus, mata em média mais de 700 pessoas por dia nos EUA, que lideram o mundo tanto em casos confirmados quanto em óbitos. Com mais de sete milhões de infecções confirmadas desde o início da pandemia, os EUA respondem por quase um quinto dos mais de 33,1 milhões de casos relatados globalmente. Mais de 205 mil americanos morreram.
"Odeio dizer isso, mas infelizmente o que espero é mais pessoas morrendo por causa desse vírus", disse Carlos Del Rio, professor de medicina da Emory University, que se concentra em doenças infecciosas e saúde global. "Às vezes sinto que simplesmente desistimos e vamos deixar a epidemia continuar."
O surto foi ainda mais mortal como percentagem dos casos em alguns outros países, mostram dados da Universidade Johns Hopkins. Mais de 10% dos casos observados no México terminaram em morte. Na Bolívia, França e Irã, esse número é superior a 5%, enquanto a taxa de mortalidade nos EUA é de 2,9%. A capacidade de informar casos e realizar testes variam em todo o mundo, portanto, a extensão real do vírus pode ser maior.
A doença desferiu um golpe esmagador em várias nações em desenvolvimento, tirando dezenas de milhões de empregos e eliminando os ganhos obtidos contra a pobreza. No Brasil, que perde apenas para os EUA no total de mortes pela doença, mais de 140 mil pessoas morreram. Na Índia, onde o total de infecções ultrapassou os seis milhões, o vírus continua matando em média quase mil pessoas por dia.
O fracasso em implantar testes mais rápidos e obrigar o uso de máscaras, mesmo quando os Estados começam a reabrir escolas e empresas, provavelmente aumentará ainda mais a epidemia, disse Del Rio.
A recente ação do governador da Flórida, Ron DeSantis, de suspender todas as restrições de lugares em restaurantes e proibir penalidades por não usar máscaras "não é uma estratégia", disse Del Rio. "Isso é um desastre. Continuamos cometendo os mesmos erros."
DeSantis disse na sexta-feira que a Flórida está pronta para seguir em frente, uma vez que o número de novos casos diários e as hospitalizações no Estado caíram substancialmente em relação aos picos de verão, mesmo com o aumento da atividade econômica e a reabertura de escolas e parques temáticos em todo o Estado.
Especialistas em saúde dizem que uma colcha de retalhos de regras confusas e às vezes conflitantes nos EUA tornou mais difícil controlar o vírus e contribuiu para um aumento de casos durante o verão. Uma abordagem nacional consistente é a maneira mais eficaz de combater uma pandemia, dizem os epidemiologistas.
Com uma vacina ainda a meses de distância, o uso generalizado de máscara, testes expandidos e rastreamento de contato eficaz são vistos como essenciais para ajudar a interromper a disseminação e evitar mais desligamentos.
"Não vai desaparecer só porque queremos que acabe", disse Del Rio, aludindo aos comentários públicos de Trump de que o coronavírus desapareceria por conta própria e que os EUA tiveram uma resposta eficaz à pandemia. "Acho que se você repetir algo o suficiente, eventualmente pode parecer realidade. Mas não é a realidade."