Campanha de imunização começa no 1º tri de 2021
13/10/2020

O Ministério da Saúde prevê o início da campanha nacional de imunização contra o novo coronavírus no primeiro trimestre de 2021. Ontem, o secretário executivo da Pasta, Élcio Franco, admitiu, porém, que o cronograma pode sofrer algum ajuste. 

“É bom sempre lembrar que, por ser um produto inacabado, existe possibilidade de atraso, embora não seja o que se desenha neste momento”, justificou o secretário em entrevista a jornalistas transmitida pelas redes sociais do ministério. 

 

Franco afirmou que a vacina desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca, que mantém convênio com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), deve garantir a entrega de 100,4 milhões de doses no primeiro semestre de 2021. 

Já vacina desenvolvida pela aliança Covax Facility, uma coalizão de mais de 150 países sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS), deve garantir o lote adicional de cerca de 40 milhões de doses. Ele explicou que, neste caso, o procedimento clínico prevê a aplicação de duas doses por pessoa, o que restringe o alcance a 10% da população, cerca de 20 milhões de brasileiros. 

O secretário de vigilância em saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, afirmou que o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 37 mil postos de vacinação, com equipamento de refrigeração adequado para armazenar as doses a 4ºC. A explicação foi dada para rebater críticas de que grande parte da infraestrutura do sistema não estaria apta a receber e manter o estoque de vacinas. 

 

 

 
 

Durante a entrevista, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, previu que um lote de 30 milhões de doses da vacina do AstraZeneca deve ser entregue em janeiro de 2021. Segundo ela, trata-se da primeira etapa, pois a segunda, que envolve a nacionalização da produção, será iniciada a partir de julho do próximo ano. 

“Em janeiro, estaremos recebendo o ingrediente farmacêutico ativo e finalizando essa produção na Fiocruz”, disse Nísia, durante entrevista no Ministério da Saúde. Segundo ela, o país pode receber até 100 milhões de doses até o fim do primeiro semestre. 

Nísia indicou que, no segundo semestre de 2021, serão produzidas entre 100 milhões e 165 milhões de doses. Com isso, poderão ser entregues, ao todo, 265 milhões de doses até o fim do ano pela iniciativa em cooperação com o laboratório britânico. 

“Nossa responsabilidade, que é enorme neste momento, é garantir o cumprimento do cronograma e o acesso pelo Sistema Único de Saúde”, afirmou Nísia. 

Segundo a presidente da Fiocruz, está mantida a previsão de custo de US$ 3,16 por cada dose, valor considerado na edição da medida provisória (MP) de crédito extraordinário. 

Ontem, o jornal britânico “Financial Times” informou que o memorando de entendimento firmado com o AstraZeneca prevê a possibilidade de cobrança pelas doses a preço de custo somente até 1º de julho de 2021 ou no prazo que o laboratório julgar que a pandemia deverá durar (ver reportagem abaixo). 

“O custo seguiu o princípio, definido pela Assembleia Mundial de Saúde, que foi base para esse acordo, de que vacinas e medicamentos não devem ser objeto de lucro neste momento da pandemia”, afirmou Nísia. 

Durante a entrevista, Medeiros disse que a campanha nacional de imunização priorizará grupos de risco. Estes grupos, disse ele, abarcam 20,2 milhões de brasileiros, sendo 4,4 milhões de pessoas com 80 anos ou mais, 10,7 milhões de pessoas com morbidades (diabetes, doenças cardíacas, câncer, etc) e cinco milhões de trabalhadores do setor de saúde. 
 

Ainda na entrevista, o gerente geral de medicamentos e produtos biológicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, disse que um dos desafios para a liberação das vacinas em desenvolvimento é a análise do critério mínimo de eficácia das doses em estudo. 

“Tradicionalmente, usa-se o critério mínimo de 70% de eficácia, mas podemos flexibilizar”, disse o gerente da Anvisa. Segundo o técnico da agência, essa flexibilização ocorre justamente em cenários de pandemia, mas que isso “não significa abrir mão de segurança”. 

Fonte: Valor




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