Intermédica faz compras de R$ 1,5 bi
26/10/2020

Após dois anos analisando o mercado mineiro, a NotreDame Intermédica (GNDI) fechou por R$ 1 bilhão a compra da operação brasileira da Medisanitas Brasil, empresa colombiana de saúde que no país está presente em Minas Gerais. Essa é a quinta aquisição promovida pela companhia, em apenas quatro meses, que juntas somam R$ 1,5 bilhão. 

Com isso, a Intermédica se consolida como a maior empresa do setor, com 4,1 milhões de usuários de convênio médico e 2,5 milhões de planos odontológicos. Até então, a liderança vinha sendo dividida com Hapvida e Bradesco Saúde que hoje possuem cerca de 3,5 milhões de beneficiários de saúde, cada uma. 

Ao adquirir três operadoras em Minas Gerais, a GNDI passa a concorrer fortemente com a Unimed-BH, que controla o mercado na região. A cooperativa médica mineira tem 1,2 milhão de usuários e a Intermédica chega com 415 mil. “Com a aquisição, agora vamos ter uma concorrência saudável com a Unimed-BH”, disse Irlau Machado, presidente da NotreDame Intermédica. 

A estratégia de expansão prevê desde aquisições de hospitais para ampliar atual oferta de 400 leitos que o grupo possui em Minas, até uma maior oferta de planos para pequenas e médias empresas e contratos com companhias com escritórios nas cidades mineiras. “Deixamos de fechar muitos contratos porque não tínhamos presença em Minas Gerais, agora vamos fazer mais ‘cross selling’”, disse Machado. 

 

A concorrência com a Unimed-BH vai ser o primeiro grande desafio para as cooperativas médicas desde a ascensão das operadoras verticalizadas, cujo processo de expansão começou com a oferta inicial de ações da NotreDame Intermédica e Hapvida, em 2018. Na época, ambas informaram que pretendiam crescer em praças controladas pelas Unimeds. Grandes operadoras e seguradoras tinham preferência pelas capitais ou quando entraram em regiões dominadas pelas cooperativas não foram bem-sucedidas. Hoje, o cenário econômico é diferente e as verticalizadas estão capitalizadas - desde o IPO, Hapvida e Intermédica, juntas, levantaram mais de R$ 16 bilhões em oferta de ações. 

Fundada pelo médico Paulo Barbanti, a Intermédica sempre teve forte atuação na capital paulista, oferecendo planos de saúde com mensalidade inferior à concorrência por concentrar boa parte de seus atendimentos médicos em rede própria. Esse modelo criado por Barbanti atraiu diversos investidores que por anos fizeram propostas milionárias. Em 2014, a gestora americana de private equity Bain Capital convenceu o médico a vender o negócio pagando R$ 2 bilhões pela operadora. Toda a quantia já foi recuperada, uma vez que a GNDI já captou R$ 8,2 bilhões no mercado. 

Desde que abriu o capital, a companhia já fez mais de 15 aquisições e tem outros ativos no radar, apesar de o mercado hoje ter poucas ofertas de grandes operadoras disponíveis para compra. “Deve haver entre 10 e 11 empresas com mais de 500 mil vidas. O que tem são operadoras com 50 a 100 mil vidas, essas são muitas e estamos muito atentos a essa oportunidade de crescimento”, disse o executivo. “Não necessariamente compramos Ebitda. Vamos comprar a infraestrutura para gerar Ebitda ou hospitais para complementar a rede”, afirmou Machado. 

O valor a ser pago pela Medisanitas Brasil equivale a 12,5 vezes o seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), pós sinergias a serem apuradas com a integração. 

Roberto Otero, analista do BofA, destaca que a sinistralidade da Medisanitas, de 82,3%, deve cair. “A sinistralidade pode reduzir gradualmente para o nível da GNDI com maior integração da verticalização, novos protocolos e compra de hospitais regionais. Vemos a atual proporção de um leito para 5,9 mil beneficiários como alta, sendo que na GNDI é 1,2 mil”, informa relatório assinado por Otero. 

 
 

 

Fonte: Valor




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