Os dados são da startup Distrito, que monitora o ecossistema de inovação do Brasil. Segundo análise da empresa, o país tem 577 heathtechs ativas. No último mês de outubro, essas empresas receberam 24 milhões de dólares em aportes — 235% mais que no mesmo mês do ano passado.
Em número de rodadas, 2020 também é um ano recorde para o setor. Foram 42 aportes até outubro, 10% mais do que a quantidade realizada no mesmo período em 2019 (38) e 55% mais que em 2018 (27). Foram registradas também sete fusões e aquisições de healthtechs até outubro, o que representa um crescimento de 350% na comparação com o mesmo período de 2019.
Uma das startups que receberam investimentos em outubro foi a paulista Sami. Fundada em 2018, a healthtech anunciou ter fechado uma rodada de 86 milhões de reais liderada pelos fundos Valor Capital Group (Gympass, Loft) e Monashees (Rappi, 99). Com o capital, os sócios Vitor Asseituno e Guilherme Berardo estão lançando seu próprio plano de saúde voltado para pequenas empresas e autônomos.
“As inovações na área da saúde, sem dúvida, ganharam relevância e escala nos últimos meses e isto tem atraído a atenção dos investidores”, afirma Tiago Ávila, líder do Distrito Dataminer.
Para o especialista, o fato de a saúde ser um setor extremamente regulamentado criava barreiras para a inovação, que foram revistas durante a pandemia. Os atendimentos médicos à distância, por exemplo, só foram liberados pelo Conselho Federal de Medicina quando começou a quarentena no Brasil. Rapidamente, as startups se adaptaram ao cenário. Em apenas nove dias, o Dr. Consulta colocou em funcionamento seu serviço de telemedicina.
As consultas à distância acabaram incentivando outro mercado em que as heatlhtechs atuam: o de receitas médicas digitais. A Memed, especializada em prescrições online, viu o número de farmácias que aceitam a forma de prescrição digital sair do zero para 30.000 em apenas três meses. “Oportunidades até então represadas, começam então a ganhar o mercado”, afirma Ávila.