Segunda onda? Laboratórios revelam aumento em testes e casos positivos
16/11/2020

Grandes redes de laboratórios particulares detectaram nesta semana (iniciada no dia 9) um aumento na procura por exames RT-PCR, indicado para o diagnóstico de quem apresenta sintomas do novo coronavírus. O percentual de resultados positivos para a doença também tem crescido, o que é mais um indício para o cenário de novo recrudescimento da covid-19 após meses de estabilização e queda nos casos.

Dados divulgados nesta sexta-feira, 13, pela Dasa, empresa que tem 40 redes de laboratórios, com cerca de 800 unidades no país, mostram o crescimento nos casos. Laboratórios como Delboni Auriemo, Salomão Zoppi e Lavoisier, em São Paulo, Sérgio Franco e CDPI, no Rio, e Exame, no Distrito Federal, são algumas das marcas da Dasa. O grupo disse que houve aumento dos 8.000 exames RT-PCR diários do fim de outubro para 12.000 ao longo desta semana, uma alta de 50%.

No fim de outubro, a média de exames com resultado positivo era de 20%. Em novembro, do dia 1º ao dia 12, o percentual passou para 26%; e passou a 29% se forem considerados somente os dados do último dia 12. “Notamos um aumento significativo na procura. Acompanhamos isso dia a dia e o crescimento tem sido bastante relevante”, disse o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana.

 

Campana relata que a maior taxa de resultado positivo nos laboratórios do grupo foi de 40% nos meses de abril e maio, no auge da pandemia no país. Na ocasião, no entanto, havia uma limitação de insumos e a recomendação era priorizar pacientes que estavam em ambiente hospitalar. Os casos começaram a cair depois de junho e ele disse que os números de agosto, setembro e outubro formaram um “vale” na comparação da curva com os meses anteriores. O cenário mudou no início de novembro.

A Dasa faz o atendimento a planos de saúde e a hospitais privados, além da demanda de outros laboratórios. Nas unidades do Grupo Fleury, o número de exames RT-PCR realizados nesta semana aumentou 30% em comparação com o volume de 15 dias atrás, enquanto o índice de testes com resultado positivo para covid-19 dobrou no mesmo período, passando de 8% para 15%.

O Fleury realiza cerca de 4.000 exames de PT-PCR por dia, 80% deles em unidades da capital paulista, e é responsável pela análise das amostras de pacientes de hospitais privados como Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e as unidades da Rede D’Or São Luiz.

“No auge da pandemia na cidade, em junho, o índice de positividade dos exames feitos chegou a 30% e depois começou a cair, chegando ao seu nível mais baixo no final de outubro, quando estava em 8%. Depois, começou a subir novamente”, conta o infectologista Celso Granato, diretor médico do Fleury.

 

“Isso só mostra que a gente não pode baixar a guarda porque o número de infecções parece estar subindo novamente. Veja o exemplo da Itália e de outros países europeus, em que os casos estavam muito mais baixos e mesmo assim estão tendo segunda onda. No nosso caso, que sempre estivemos com patamares altos de casos, esse risco é maior ainda”, destacou. Países europeus como a França tiveram de adotar novamente restrição de circulação para frear o novo avanço do vírus.

Segunda onda

Marcelo Gomes, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz e Coordenador do Sistema InfoGripe, afirma que ainda não é possível afirmar que o país enfrenta uma segunda onda de covid-19, mas diz que já se observa uma retomada do crescimento de casos em algumas capitais. “Olhamos para casos graves, em particular, o que permite fazer um acompanhamento ao longo do tempo mais preciso.”

“Observamos que diversos locais estão já com uma retomada no crescimento de novos casos semanais. Se isso já é uma segunda onda ou não, é até secundário. Porque estar com uma retomada do crescimento por si só já é preocupante”, disse.

Ele disse que até a última semana de outubro o boletim Infogripe mostrava sinais moderados ou fortes de retomada de crescimento de casos em nove capitais: Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Belém (PA), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Natal (RN) Salvador (BA) e São Luís (MA). Em outros locais, como São Paulo e Porto Alegre, foi observada interrupção da queda de casos.

Fonte: Exame




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