Aumento de casos de covid exige medidas para frear pandemia, dizem especialistas
19/11/2020

O aumento no número de pessoas contaminadas por coronavírus e da taxa de internações em vários Estados é preocupante e deveria servir de alerta para que ações sejam tomadas no sentido de frear a pandemia, afirmam especialistas. 

“Estamos num cenário que chama muita atenção e reforça o cuidados que precisam ser tomados. A comunicação é um deles. O sinal atual deixa claro de que à medida que se relaxa o isolamento aumentam as infecções”, afirma Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A população pode ter interpretado a queda dos casos nos últimos meses como uma volta à normalidade, diz ele. 

Embora prefira não opinar se medidas de isolamento mais rígidas deveriam tomadas, Gomes considera que, da mesma forma que o isolamento não é permanente, a flexibilização também não deveria ser. “O isolamento é uma decisão que leva em conta muitos dados, não só o aumento de casos, é uma conversa multissetorial que tem que ser feita de forma constante e com base em dados sólidos”. 

Márcio Bittencourt, pesquisador da Clínica Epidemiológica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), diz que o aumento da taxa de hospitalização por covid-19 em locais como São Paulo é um sinal tardio de que a contaminação cresceu e, diante disso, é preciso agir já. “O que se fizer ou não agora muda a curva [de contaminação] daqui a duas ou três semanas. Se esperarmos mais duas semanas para ter certeza vamos acabar com um aumento importante no fim do ano”, afirmou durante debate ontem no Infovid, iniciativa de pesquisadores de todo o país que tem discutido a pandemia. Ele se referia aos problemas técnicos que fizeram dados sobre a pandemia em São Paulo serem represados. 

“A hospitalização é um sinal tardio, e minha impressão é de que já estamos atrasados em adotar estratégias para conter a disseminação do coronavírus. Isso vale para São Paulo, Paraná e todos os lugares onde os casos estão aumentando”, afirmou. 

Na avaliação de Bittencourt, eventuais medidas de isolamento deveriam ser melhor desenhadas e levando em conta a especificidade de cada região. A diretriz de combate ao coronavírus, diz, deveria ser nacional, mas com ajustes regionais. Na opinião do especialista, a quarentena foi flexibilizada demais e de forma errada na maioria das regiões. “Pode-se trabalhar com uma escala de intensidade de isolamento, com estratégias mais eficientes e de menor custo social e de saúde.” Ele dá exemplos de erros, como permitir a reabertura de atividade por um determinado número de horas, o que causaria aglomeração nos horários de funcionamento e diminuir a circulação de ônibus, trens e metrô. “O isolamento deveria ser redesenhado de forma mais inteligente.” Também é preciso tirar as pessoas sintomáticas de circulação. Para isso, é preciso testagem em massa, um gargalo nunca resolvido no país. “Nunca se investiu nisso”. 

Os dados mais recentes do boletim Infogripe, da Fiocruz, até o dia 14 de novembro, apontam aumento da contaminação em dez capitais. Locais como Florianópolis, onde os casos estavam em alta, aceleraram a curva, enquanto Brasília, Belo Horizonte, Goiânia e Vitória, que estavam em queda, passaram a alta. Curitiba e Porto Alegre passaram de queda a estabilidade. São Paulo, que teve problemas de atualização de dados, tinha estabilidade no fim de outubro, aumento e, agora, estabilidade novamente. “Mas é cristalino que a tendência de queda em São Paulo foi interrompida”, diz Marcelo Gomes. 

Ele destaca que, no Estado, de 17 macrorregiões de saúde, dez estão com sinal de aumento de casos, o que não ocorria há várias semanas. “Acende um alerta porque mostra de fato uma mudança de cenário”, afirma Gomes. Marcio Bittencourt diz que o aumento de casos no país é difuso e consistente. “Teremos complicações em breve.” 

O noticiário sobre o aumento de casos de covid ainda não afetou a disposição das pessoas de sair de casa, segundo dados de geolocalização do Google e da Inloco baseados na coleta de informações de celulares.

Segundo o Google, a movimentação de pessoas nos segmentos de varejo e lazer em São Paulo registrava na sexta-feira passada queda de 21% na co

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Fonte: Valor




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