Ao contrário do que se prega há anos, o mercado de planos de saúde individual vem se provando viável para algumas operadoras e atraindo novos negócios. Em comum, o modelo é baseado em três pontos: acompanha de perto a saúde do usuário, tem rede médica verticalizada ou enxuta, e usa tecnologia de dados para acompanhar a frequência com que o plano é acionado pelo cliente.
“Antes, falar em rede de atendimento orientada era um palavrão, mas agora, essa percepção está mudando. Com a telemedicina, que cresceu muito na pandemia, é possível dar a orientação e quando necessário fazer o encaminhamento do paciente para o atendimento presencial”, disse Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge, entidade das operadoras de planos de saúde.
A maior carência de planos individuais está na cidade de São Paulo que representa o maior mercado de convênio médico do país. Seguradoras como Bradesco Saúde e SulAmérica e as operadoras Amil e NotreDame Intermédica, que atuam na capital paulista, não vendem planos individuais há muitos anos. O fato de o reajuste da mensalidade do plano individual ser controlado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não as estimula. A legislação não permitir seguradoras terem rede própria de hospitais também não ajuda.
Nas demais regiões do país, a oferta de planos individuais não é tão limitada como em São Paulo devido à presença das Unimeds. Quase metade do mercado de planos individuais é atendido pelas cooperativas médicas que também vêm lançando cada vez mais produtos com rede restrita para controlar os custos. Em geral, a taxa de sinistralidade dos planos individuais é superior ao empresarial, entre outros motivos, devido à idade de seus usuários. “Dos 300 mil usuários de planos de saúde individual de Belo Horizonte, cerca de 70% são clientes da Unimed-BH ”, disse Samuel Flam, presidente da cooperativa médica mineira.
A líder do segmento de planos individuais e também uma das maiores do setor é a Hapvida, que conta com quase 1 milhão de usuários dessa modalidade de convênio. Com forte presença no Nordeste e Norte, a operadora verticalizada vem expandindo sua atuação e já está em regiões como Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e interior de São Paulo. “Vendemos plano individual há mais de 30 anos, temos usuários com 90 anos de idade. Historicamente é um plano bem rentável para nós. Temos um arsenal tecnológico, fazemos gestão. Esses requisitos afastam a maioria das operadoras desse mercado”, disse Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida.
Atualmente, há por volta de 9 milhões de usuários de planos de saúde individual, o que representa 19% do mercado. Nos últimos cinco anos, esse mercado encolheu 8,38% - praticamente o dobro dos planos empresariais e por adesão. Nos últimos 12 meses, encerrado em setembro, período da pandemia, os planos empresarial e individual ficaram estáveis. Já o convênio médico por adesão cresceu 1,72%.