Poucas farmacêuticas têm fôlego para atender o Brasil, diz Pazuello
03/12/2020

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, manifestou ontem preocupação com a capacidade dos principais laboratórios do mundo de entregar ao Brasil o volume de vacinas necessário para imunizar a população contra a covid-19. De acordo com ele, no máximo três empresas conseguiriam atender toda a demanda. 

Durante audiência no Congresso Nacional, Pazuello classificou como “pífios” os números apresentados por várias farmacêuticas. “Ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país. Quando a gente chega no final das negociações e vai para cronograma de entrega e fabricação, os números são pífios”, afirmou ele, sem citar especificamente nenhuma empresa. 

O ministro também fez críticas à propaganda feita em torno das vacinas, que sugere que já estaria tudo pronto para o início da imunização. “Na campanha publicitária está tudo bem e maravilhoso, mas quando você vai apertar é bem diferente”, criticou Pazuello. “Quando você vai efetivar a compra, não tem aquilo que ‘tu quer’, o preço não é bem aquele”, completou o general. 

Pazuello informou ainda que o Brasil começará a receber em janeiro de 2021 um lote de 15 milhões de doses da vacina do laboratório AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As entregas, de acordo com ele, devem acontecer até o fim de fevereiro. 

 

 

O acordo para essa vacina prevê a chegada de 100 milhões de doses no primeiro semestre do ano que vem. Após a transferência de tecnologia, o Brasil estaria apto a produzir outras 160 milhões de doses durante a segunda metade de 2021. Esse acordo foi fechado por R$ 1,9 bilhão. 

Ontem, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, anunciou em audiência que a instituição vai precisar de cerca de R$ 2 bilhões para a produção de 110 milhões de doses de vacina no segundo semestre de 2021. 

“Estamos trabalhando esses números com o Ministério da Saúde”, disse ela em audiência pública na comissão da Câmara dos Deputados que acompanha o combate à pandemia. “Isso pressupõe não só a transferência de tecnologia, em parte já contemplada, mas também todo o trabalho de produção, com desenvolvimento do ingrediente farmacêutico no Brasil, e atividade de farmacovigilância.” 

O plano da Fiocruz estabelece, ao todo, a oferta de 210,4 milhões de doses no ano que vem, das quais 110 milhões no segundo semestre. É para esse segunda leva, de acordo com a presidente da instituição, que são necessários recursos adicionais. 

Na audiência, Nísia destacou que o cronograma “vem sendo cumprido”, com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizando inspeções nas áreas de produção. Além disso, a expectativa é de submissão “em breve” do registro de vacina à agência reguladora. A primeira leva de doses, com 30 milhões de unidades, está prevista para ser entregue em fevereiro. 

Pazuello também mencionou ontem aos parlamentares a participação do Brasil no consórcio Covax Facility, que reúne dez laboratórios. Nesse acordo, o país já teria assegurado mais 42 milhões de doses, levando o total já negociado para pouco mais de 300 milhões de doses da vacina. 

Sobre os custos, Pazuello afirmou também são um fator importante para a escolha da vacina que será comprada. O ministro ressaltou que a vacina de Oxford vai custar US$ 3,75 a dose. O valor, segundo ele, representa um terço das demais vacinas. 

 

 

Fonte: Valor




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