Vacina traz esperança para a economia mundial
03/12/2020

O Reino Unido é o primeiro país a aprovar a distribuição ampla de uma vacina contra a covid-19 que passou nos testes clínicos de larga escala. Este é um grande momento. A pandemia não acabou, mas o lançamento das vacinações em massa marca o começo de seu fim. A remoção definitiva das restrições impostas a milhões de pessoas para conter o alastramento da pandemia agora pode estar à vista. 

Isso também abre a possibilidade de um rápido crescimento econômico. Altas taxas de poupança e um retorno da confiança econômica podem se combinar com meses de demanda econômica reprimida para levar a uma nova versão dos Loucos Anos 20, período que se seguiu ao fim da Primeira Guerra e à superação da gripe espanhola. Se a covid-19 puder ser banida em definitivo, milhões de pessoas poderão sair para se satisfazer de todas as formas que lhes foram negadas nos últimos tempos. 

Esse otimismo ainda pode se mostrar equivocado. A distribuição da vacina, se funcionar, não será tranquila. Os governos precisam persuadir milhões de pessoas saudáveis, e muitas vezes de baixo risco, a aceitá-la. O processo acelerado de aprovação significa que seus efeitos podem não ser compreendidos totalmente - sua eficácia também é incerta. Um programa de vacinação dessa escala e velocidade não tem precedentes. 

Mas se a emergência de saúde pública puder ser controlada, a recuperação econômica geral pode ser robusta. As evidências da China e da Austrália, onde a recuperação ultrapassou as expectativas, sugerem que quando as restrições são relaxadas e a atividade econômica é retomada, os consumidores começam a gastar. A OCDE revisou para cima suas previsões mais recentes de crescimento. 

A economia que emergir da pandemia terá uma aparência bem diferente. Não só milhões de empresas aprenderam a gerir uma equipe que na maior parte do tempo trabalha em casa e investiram no equipamento necessário para isso, como o varejo mudou-se rapidamente para a internet e os retardatários digitais foram obrigados a abraçar as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias. 

 

Em contraposição, inúmeras empresas fecharam e muitas das que permanecem ativas agora têm de lidar com elevadas dívidas - o que significa contratações a um ritmo mais lento e menos investimento. 

Como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) advertiu ontem, a pandemia exacerbou a desigualdade. Trabalhadores com empregos estáveis e bem pagos acumularam economias, enquanto outros sofrem com o desaparecimento de seus empregos ou corte de horas de trabalho. 

Depois de meses de isolamento e privação, as pessoas merecerão uma oportunidade de relaxar se o esforço de vacinação for bem-sucedido. As memórias da crise e o sentimento inicial de solidariedade vão, inevitavelmente, desaparecer. Mas se os governos pretendem criar uma recuperação sustentável, devem permanecer vigilantes - e ter em mente como terminaram os últimos Loucos Anos 20. 

 
 

Fonte: Valor




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