Com caixa reforçado, grupos de saúde planejam mais aquisições
05/01/2021

Em 2021, o setor de saúde deve ter mais um ano aquecido com a entrada de novos recursos no caixa de grandes grupos. A Rede D’Or tem R$ 8 bilhões para expansão, a Dasa pode realizar uma nova oferta de ações (re-IPO) de pelo menos R$ 4 bilhões e a Athena, empresa de saúde do Pátria, também está planejando uma oferta inicial de ações para captar cerca de R$ 3 bilhões. Essas duas últimas transações devem ocorrer ao longo dos próximos seis meses, segundo fontes. 

No ano passado, as companhias de saúde investiram entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões em aquisições e movimentaram cerca de R$ 16,5 bilhões em ofertas de ações e emissões de debêntures. A maior transação foi, sem dúvida, o IPO da Rede D’Or que levantou R$ 11,4 bilhões, em dezembro. A maior rede de hospitais do país, presidida por Paulo Moll, teve uma demanda de cerca de R$ 40 bilhões, numa demonstração do interesse dos investidores por ativos de saúde. 

 Os múltiplos das negociações chamaram atenção. A operadora verticalizada Clinipam, do Paraná, foi vendida por 26 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) à Intermédica. Segundo fontes, na transação de venda do Hospital Leforte para a Dasa essa relação chegou a 30 vezes. 

 

O mercado de hospitais, laboratórios e clínicas movimentou, nos nove primeiros meses do ano passado, R$ 120 bilhões. Considerando as operadoras de planos de saúde, a receita sobe para R$ 169 bilhões e o resultado líquido somou quase R$ 16 bilhões. Este valor representa um aumento de 73%, devido à menor realização de procedimentos médicos no período por conta do isolamento social, provocada pela pandemia do novo coronavírus. 

Além das aquisições para aumento de participação de mercado, o ciclo de investimento neste ano deve ter empresas tradicionais em suas áreas entrando em novos negócios e praças. “Estamos vendo grupos de saúde reagindo ao crescimento das empresas verticalizadas”, disse Marco Facciolli, diretor de fusões e aquisições do Santander. 

Entre as empresas que estão seguindo essa linha estão a Rede D’Or que firmou parcerias com Bradesco e SulAmérica para oferecer uma modalidade de seguro saúde com uma rede mais restrita com hospitais da D’Or. As duas duas maiores redes de medicina diagnóstica também estão apostando na diversificação do negócio. A Dasa criou uma holding para integrar a rede de hospitais Ímpar e a empresa de gestão de saúde GSC - negócios que pertencem à família Bueno, mas que atuavam de forma separada. A transação mais recente foi a compra do Hospital Leforte, em São Paulo, por R$ 1,7 bilhão, e a meta é continuar promovendo outras aquisições que possam criar uma plataforma com serviços variados de saúde. Um hospital no ABC Paulista pode ser anunciado em breve, segundo fontes. 

 Especialistas do setor são unânimes em afirmar que ainda há muitas oportunidades em saúde porque o setor ainda é bastante fragmentado. Há cerca de 700 operadoras de planos de saúde e 6,5 mil hospitais distribuidos no país. “Esse movimentação de consolidação ainda vai levar alguns anos. Há muitos hospitais com menos de 50 leitos, que não são rentáveis. Os hospitais pequenos acabam sendo alvos das operadoras verticalizadas e os maiores interessam às redes de hospitais”, disse o sócio da KPMG. Segundo a consultoria, no acumulado dos nove primeiros meses de 2020, foram fechadas 39 transações envolvendo hospitais, clínicas e laboratórios. Os números não consideram as transações envolvendo operadoras de planos de saúde. Hapvida, Intermédica e SulAmérica, juntas, anunciaram 16 aquisições que somam R$ 4,5 bilhões em 2020. O diretor do Santander lembra ainda que a Rede D’Or pode vir fazer novas ofertas de ações num movimento semelhante ao realizado pela Intermédica. 

Fonte: Valor




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