Governo prevê que 5 milhões serão vacinados neste mês
15/01/2021

 
O governo pretende vacinar 5 milhões de pessoas ainda neste mês em todo o país, de acordo com estimativa repassada ao Valor por fontes do Ministério da Saúde. 

O cálculo leva em conta as 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Oxford importado da Índia, previstas para chegar nos próximos dias ao aeroporto do Galeão, e outras 3 milhões de doses da Coronavac, produzida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac. 

 

O plano do ministério é aplicar uma primeira dose da vacina indiana em 2 milhões de pessoas. A segunda dose, que precisará ser ministrada após três meses, já seria produzida nos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que possui um convênio de transferência de tecnologia para a fabricação do imunizante. 

Outras 3 milhões de pessoas seriam vacinadas neste mês com a Coronavac, que demanda um intervalo menor de aplicação entre a primeira e a segunda doses. 

O Butantan fez um pedido para uso emergencial do estoque de 6 milhões de doses da SinoVac que importou da China. O número é suficiente para vacinar 3 milhões de pessoas em duas etapas. Embora o Estado alegue ter 10,8 milhões de doses em estoque, o Ministério da Saúde não está levando esse número em conta. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve conceder nos próximos dias as autorizações de uso emergencial para ambas as vacinas. 

Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Consems), Mauro Junqueira, os municípios brasileiros têm em estoque seringas e agulhas suficientes para três meses de imunização contra a covid-19. 

Ele participou ontem de reunião com Eduardo Pazuello e representantes da Frente Nacional dos Prefeitos para tratar do calendário de vacinação. No encontro, o ministro da Saúde previu o início da vacinação para o dia 20 e assegurou que todos os municípios receberão as vacinas de maneira proporcional à sua população. Mas fontes ligadas ao ministro dizem que dificilmente a vacinação em massa começará antes do dia 21. 

Segundo Junqueira, os municípios estão preparados para iniciar a vacinação. Falta apenas a vacina chegar, o que só ocorrerá após a autorização da Anvisa. 

Em meio a preocupações quanto aos estoques de seringas e agulhas, Junqueira demonstrou tranquilidade quanto à situação de insumos para vacinação. 

“Nós não temos problema nenhum de estrutura. O que não tem é a vacina. É isso. A hora que tiver a vacina, nós estamos prontos para vacinar. Nós temos seringa, temos agulha, pessoal capacitado, nós sabemos vacinar”, disse Junqueira. “Não tem problema de seringa e agulha. O que nós temos nos estoques de municípios e nos Estados dá para começar. Dá para vacinar os três meses que vêm, com segurança. E enquanto isso o ministério vai repondo com compras e requisições que eles estão fazendo.” 

Ele alerta, no entanto, que haverá uma grande demanda por esses insumos a partir de fim de março e começo de abril. “Até lá a gente vai ter seringa e agulha disponível, sem problema”, afirmou. 

Ontem, o Palácio do Planalto chegou a divulgar que o lote de 2 milhões de vacinas importada da Índia chegaria ao país no próximo domingo, às 15 horas, no aeroporto do Galeão. Porém, seguidos atrasos no voo da Azul que irá a Mumbai buscar o produto podem alterar essa data. 

A previsão é que Pazuello se desloque ao Rio para receber os imunizantes. Ontem, assessores ainda tentavam convencer o presidente Jair Bolsonaro a acompanhá-lo. 

A vacina da AstraZeneca é a principal aposta do governo federal para imunizar a população contra a covid-19. Há uma semana, Bolsonaro pediu ao premiê indiano, Narendra Modi, que antecipasse o envio das vacinas encomendadas pela Fundação Oswaldo Cruz, no que foi atendido. 

O Palácio do Planalto prepara para a terça-feira, 19, solenidade para marcar o início da vacinação contra o coronavírus no país. Nesse dia será revelado um cronograma nacional de imunização. 

Bolsonaro já afirmou que não vai se vacinar. Rival político do presidente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por sua vez, convidou todos os ex-presidentes vivos para tomar a Coronavac. A ideia do governador é estimular a população a se imunizar, em uma contra-ofensiva ao negacionismo. 

Apenas o ex-presidente Fernando Collor, hoje senador pelo Pros de Alagoas, declinou o convite. O ex-presidente Lula, que está em Cuba, não tem presença garantida. Michel Temer, Dilma Rousseff, Fernando Henrique e José Sarney já teriam aceitado. 

Ontem, Bolsonaro disse em live em suas redes sociais que “não existe esse negócio de que o governo não se preparou para a vacinação contra a covid-19”, referindo-se à possível falta de seringas e agulhas para iniciar esse processo. 

Segundo o presidente, o Brasil não costuma ter estoques de insumos, à exceção dos regulatórios, mas há material suficiente e, além disso, a indústria tem capacidade de produzir rapidamente. 

Bolsonaro voltou a dizer que o processo de autorização para uso emergencial das vacinas contra covid-19 é independente e de responsabilidade da Anvisa. 

“A decisão não é minha [sobre a vacina], é da Anvisa e eu sou solidário à Anvisa”, afirmou. (Colaborou Carlos Mercuri, de São Paulo) 

 

Fonte: Valor




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