Butantan espera insumo para este mês
21/01/2021

Não há entrave comercial ou “geopolítico” que impeça o envio de matéria-prima para a fabricação da vacina contra a covid-19 da Sinovac, na China, para o Instituto Butantan, segundo o diretor da instituição, Dimas Covas. As questões que envolvem a liberação dos insumos são burocráticas, disse. “Não temos informação sobre preferências entre países ou questões geopolíticas. São fatores absolutamente administrativos.” Ele espera a chegada de parte do material até o fim do mês. 

Questionado sobre se o contrato com o laboratório Sinovac prevê data de embarque dos insumos para o Brasil, Covas disse que sim, que o acordo está sendo cumprido, mas que o envio dos insumos precisa ser aprovado por quatro instâncias do governo chinês: o Ministério da Saúde, a agência reguladora, a aduana e o Ministério das Relações Exteriores. “O processo está caminhando e há autorização de três dessas instâncias. Falta uma”, disse o diretor do Butantan. Ele não revelou qual instância falta. 

 

Segundo Covas, o Butantan aguarda o envio pela farmacêutica Sinovac de 5,4 mil litros de matéria-prima que estão prontos, a partir dos quais serão produzidas 5 milhões de doses de vacina. Na sequência, haverá outra partida de 5,6 mil litros. 

A previsão do Butantan é que os 5,4 mil litros iniciais cheguem ao Brasil no fim deste mês, e os demais 5,6 mil litros, até o dia 10 de fevereiro. Entre o recebimento do material e a disponibilização da vacina para a população, são necessários 20 dias. 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) disse que está trabalhando junto às autoridades chinesas, independentemente do governo brasileiro, por meio da Investe SP, agência de fomento do governo estadual, instalada em Xangai. Ele ressaltou o bom relacionamento do governo do Estado com autoridades de Pequim, mas apontou que as relações entre governos nacionais estão estremecidas. “Há um mal-estar claro do governo chinês com o governo brasileiro depois de tantas agressões. Não à toa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se reuniu hoje [ontem] com o embaixador chinês [Yang Wanming] para tratar do assunto.” 
 

Maia afirmou que o chanceler chinês no Brasil se comprometeu a trabalhar para acelerar os trâmites para a importação das matérias-primas. A demora no embarque afeta também a Fiocruz, que precisa dos insumos para iniciar a fabricação da vacina desenvolvida pela AstraZeneca/ Oxford, que foi adiada de fevereiro para março. 

Na entrevista de ontem, Covas afirmou que, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) der o parecer final sobre o uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da Coronavac nos próximos dias, na próxima semana a vacina poderá ser disponibilizada. Esse pedido de uso emergencial é para o produto fabricado no Brasil, diferentemente da autorização dada no domingo passado para 6 milhões de doses de vacina importadas da China. 

Covas ainda lembrou que o Butantan deve produzir 46 milhões de doses de vacina contra a covid-19 até abril e há possibilidade de fabricar mais 54 milhões desde que haja manifestação prévia do Ministério da Saúde. Mas não houve qualquer movimento do órgão nesse sentido. 

Fonte: Valor




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