Assim como no Brasil, a compra de vacinas contra a covid-19 pelo setor privado causa polêmica em outros países, mas alguns deles já permitem a aquisição por empresas sob determinadas condições, segundo relatos da imprensa internacional. São os casos de México, Colômbia, Guatemala, Índia, Malásia, Indonésia e Paquistão.
No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador autorizou empresas e governos locais a adquirir vacinas, desde que sejam produtos autorizados pela vigilância sanitária mexicana, segundo informações do “El Financiero” da semana passada. López Obrador não especificou se o setor privado poderá cobrar pelas vacinas.
A liberação foi criticada por alguns especialistas locais, que temem que o plano de vacinação nacional se torne confuso se cuidados não forem tomados para, por exemplo, não haver duplicidade nas vacinas aplicadas. A vacinação no país começou em 24 de dezembro e cerca de 560 mil pessoas foram imunizadas até agora.
Ainda na América Latina, o governo da Colômbia autorizou a importação por empresas e prefeituras, mas apenas a partir do segundo semestre, quando os grupos prioritários tiverem sido imunizados pelo sistema público federal. Na Guatemala, o presidente Alejandro Giammattei disse que as empresas podem adquirir vacinas “sem nenhuma limitação”, segundo a imprensa local, mas ponderou que a oferta restrita do insumo no mundo deve impedir que isso aconteça.
Com o desafio de imunizar 1,4 bilhão de pessoas, a Índia poderá ter vacinas desenvolvidas pela AstraZeneca /Oxford disponíveis para venda ao setor privado em março, informou o Financial Times em dezembro.
Na Tailândia, o premiê Prayut Chan-ocha permitiu, há três dias, que o setor privado importe vacinas desde que elas sejam aprovadas pela vigilância sanitária local, segundo a MCOT (agência de notícias do país). Paquistão, Indonésia e Malásia também permitiram a compra de vacinas por empresas.
Entre os países desenvolvidos há debates mais ou menos acalorados sobre o tema. Nos EUA, por exemplo, houve um intenso lobby empresarial junto ao governo em torno dos setores que seriam prioritários na vacinação. Mas, liberada a compra pelo setor privado ou não, os relatos em todos esses países têm um ponto em comum: a constatação de que faltam vacinas contra a covid-19 no mundo e não vai ser tão fácil assim adquiri-las, pelo menos por enquanto.