Em tom de ultimato, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou ontem que “chegou o momento” de o Ministério da Saúde decidir se exercerá a opção de compra por mais 54 milhões de doses da Coronavac. Do contrário, pode exportar o produto para países com os quais já tem acordo. Covas disse que em ofício enviado ao órgão na semana passada pedia uma decisão até o fim desta semana.
“Na semana que vem, vou fechar os contratos com esses países, começando pela Argentina”, disse o presidente do Butantan.
Em resposta, o ministério afirmou que a opção de compra das 54 milhões de doses pode ser exercida em até 30 dias após a entrega da última parcela das 46 milhões de doses já contratadas, o que deve ocorrer em abril. Questionado, o governo paulista não comentou a afirmação do ministério.
“Se o Brasil não adquirir essas 54 milhões, vamos priorizar os demais países com os quais temos acordo”, disse Covas em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, da qual também participou o governador João Doria (PSDB).
Segundo Covas, o Butantan fechou acordos que totalizam a venda de 40 milhões de doses para vizinhos latino-americanos. “Esses países estão cobrando o cronograma e dependemos da resposta do ministério. Não havendo manifestação, vamos dirigir a produção para atender os países, inclusive com a possibilidade de ampliar a oferta de vacinas, já que a demanda é grande.”
Na entrevista, o governo paulista também informou que iria encaminhar ontem uma consulta formal ao Plano Nacional de Imunização (PNI), cujo gestor é o Ministério da Saúde, para postergar o uso da segunda dose da Coronavac para além do prazo de 28 dias recomendado. Assim, seria possível imunizar mais pessoas com os lotes já disponíveis.
Segundo Eduardo Ribeiro, secretário-executivo de Saúde do Estado, a consulta reúne referenciais técnicos que apontam a possibilidade de estender o prazo da segunda dose, sem prejuízo da imunização. A diretriz do PNI é que a vacina seja aplicada em duas doses num intervalo entre 14 e 28 dias.
Covas, do Butantan, afirmou que, em estudos realizados com a vacina, a recomendação é de que a aplicação da segunda dose após 28 dias é a melhor estratégia, com eficácia geral superior a 70%. “A segunda recomendação é que o prazo de 28 dias pode ser estendido por mais 15 dias”, sem problemas na resposta imunológica, disse.