Índia e Rússia admitem que podem vender vacinas para o setor privado
02/02/2021

 
 

Enquanto a representação dos grandes laboratórios ocidentais diz que seus sócios basicamente só negociam com os serviços públicos de saúde, Índia e Rússia indicam que podem vender doses das vacinas contra a covid-19 para o setor privado. 
 

Na corrida pelas vacinas no Brasil, uma mobilização de empresas privadas para ter acesso direto a doses chegou a ser aventada, com autorização do governo federal, mas a iniciativa não prosperou. 
 

Apesar de questões éticas e morais, o sentimento entre certas fontes que acompanham a corrida pelas vacinas na cena internacional é de que eventuais contratos com o setor privado são feitos muito discretamente e podem estar aumentando. 

 

O Fundo Soberano da Federação da Rússia, que coordena o desenvolvimento da vacina Sputnik V, diz que “não divulgamos (quem compra), mas estamos abertos a todas as consultas”. 
 

Um porta-voz em Moscou ressalvou que normalmente é companhia farmacêutica com infraestrutura e expertise na gestão de imunização que adquire a vacina. E que a participação privada depende do regulador nacional. “Uma grande companhia privada não pode vacinar por ela mesmo, precisa de infraestrutura médica”, diz, procurando apontar as limitações para negócio privado com as doses. 
 

O Instituto Serum da Índia, maior produtor mundial de vacinas, admitiu em dezembro que a vacina da AstraZeneca que produz poderia ser vendida também ao setor privado. Mas não há ainda um calendário para eventual início desse tipo de negociação, conforme o Valor apurou. 
 

De seu lado, a Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (Ifpma), sediada em Genebra, sinaliza que os contratos de seus membros são com os governos. 
 

“Pelo nosso conhecimento, os grandes fabricantes internacionais de vacinas, que são membros de nossa federação, entendem totalmente a emergência de saúde pública e, portanto, estão concentrando todos os seus esforços em atender às solicitações dos governos ou de suas autoridades de saúde designadas”, afirmou o diretor-geral da Ifpma, Thomas Cueni. 
 

Membros da Ifpma que produzem vacina são: Pfizer, Sanofi, MSD, AstraZeneca, GSK, Eli Lilly. Também há produtores de alguns componentes de vacinas, como Merck KGaa. 
 

Por sua vez, os produtores de vacinas da Índia, Rússia e China não são membros da Ifpma. 
 

Arnaud Bernaert, responsável pelas iniciativas sobre saúde no Fórum Econômico Mundial, diz que desvio de vacinas não deveria ocorrer. E que a venda de doses contra a covid deve ser feita com as autoridades públicas, para priorizar as populações mais vulneráveis. 
 

Ele também condena eventuais tentativas de alguns furarem fila para ser vacinados rapidamente. 
 

A Câmara de Comércio Internacional (ICC), que representa milhões de empresas no mundo todo, tem sido forte defensora do reforço do Covax, a iniciativa multilateral para permitir acesso equitativo das doses aos países pobres. A ICC também critica duramente a decisão da União Europeia (UE) de restringir exportação de vacinas produzidas em seu território para terceiros países. 

 

Fonte: Valor




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