Vendas de equipamentos crescem em ritmo acelerado
16/06/2014 - por Inaldo Cristoni

Vendas de equipamentos crescem em ritmo acelerado

Por Inaldo Cristoni | Para o Valor, de São Paulo
 
Divulgação / DivulgaçãoCesar Olsen: 25% da produção destinados ao mercado internacional

 

Os negócios dos fabricantes de equipamentos médico-hospitalares vão muito bem. Com o lançamento de diversos produtos inovadores, que acumulam pedidos em carteira para pronta entrega, o setor espera incrementar ainda mais as vendas este ano, suprindo uma demanda que vem sendo impulsionada pela construção de novos hospitais e laboratórios, assim como pela renovação do maquinário das instalações já existentes.

Fabricante de mesas cirúrgicas elétricas e mecânicas, a gaúcha Mecsul planeja terminar o exercício 2014 com um crescimento de 50% nos negócios em relação ao ano passado, o que representa o dobro da taxa média anual de expansão contabilizada de 2011 a 2013. Segundo Giancarlo Longa, gerente comercial da empresa, a capacidade de produção aumentou de 20 para 50 equipamentos por mês dentro da mesma estrutura fabril, mas os planos são de dobrar esse volume até dezembro com a construção de uma nova planta em Caxias do Sul e investimentos em máquinas de grande escala de produção.

A Mecsul investiu R$ 150 mil na implementação de novas funcionalidades na mesa cirúrgica elétrica MEC/140, da marca Novamec, para proporcionar melhor posicionamento do paciente em procedimentos cirúrgicos. As vendas do produto crescem em torno de 20% a cada trimestre e a sua produção é de 30 unidades mensais. Além do setor público, abrangendo Forças Armadas, universidades e secretarias de saúde estaduais e municipais, há contratos para o seu fornecimento a hospitais e clínicas particulares, hospitais filantrópicos e mistos. Os planos da empresa são de alcançar a liderança nesse mercado em dois anos.

Com a crise econômica a partir de 2008, o mercado brasileiro tornou-se atraente para os fabricantes internacionais, que estão chegando em profusão para explorar as oportunidades de negócios. É o caso, por exemplo, da sueca Sectra, fabricante de uma mesa de visualização de imagens de ressonância magnética, tomografia e raio-x.

A empresa formalizou um acordo de representação com a Tecnosimbra, responsável pela comercialização do produto, suporte técnico e treinamento dos clientes. Mas, para facilitar o abastecimento do mercado doméstico, a Sectra planeja em até dois anos substituir as importações pela produção local, construindo uma fábrica própria ou então por meio de parceria com um fabricante brasileiro.

A ideia inicial é comercializar entre sete e dez unidades da mesa até o fim do ano para universidades e hospitais-escola, mas a meta é bem mais ambiciosa, revela Eduardo Martens, diretor da Tecnosimbra. "O Brasil tem cerca de 200 escolas de medicina e queremos ter pelo menos uma mesa em cada uma delas. Acho que vai levar de 12 a 36 meses até chegarmos a metade das faculdades", estima.

O executivo revela que, além de universidades, a mesa é indicada para o planejamento de cirurgias ortopédicas, já que possui um banco de dados com aproximadamente 700 peças modeladas digitalmente de diferentes fabricantes, permitindo ao médico escolher o material mais adequado para a realização do procedimento.

Lançada no Brasil em setembro do ano passado, a mesa de visualização pode ser conectada a tablets, utiliza um sistema de gerenciamento que permite o armazenamento e comunicação de imagens geradas por equipamentos médicos, permite a inserção de modelos anatômicos usando recursos de computação gráfica 3D e pode ser movimentada entre as salas cirúrgicas e de procedimentos.

A Stryker, que ainda não pensa em produzir no Brasil a sua linha de equipamentos hospitalares e de ortopedia, acabou de lançar dois modelos de camas eletrônicas. Importada dos EUA, sede da matriz da empresa, a cama S3 é destinada a leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), possui um sistema de monitoramento e permite a conexão wireless com a enfermaria.

Já a cama Muka, para quartos e enfermarias, tem funções de elevação de encosto, joelho e altura. Feito na Turquia, é um modelo mais simples e de preço competitivo, que a empresa lançou com o objetivo de ingressar em um segmento de mercado que ainda não atua. "O Brasil tem 6.700 hospitais e a Stryker atende hoje 100 hospitais premium. Queremos atender os demais com essa oferta", afirma Christiane Pedreira, diretora de marketing da companhia.

Com esses lançamentos e de outros dois produtos - uma câmara full HD para procedimentos de videolaporascopia e uma linha de perfuradores para cirurgias ortopédicas - a projeção da Stryker é fechar o ano com crescimento de dois dígitos. Segundo Christiane, a expectativa, também, é de recuperação das importações do segmento de camas e macas, que em 2013 caíram 15% por causa da alta do dólar e do aumento da inflação.

A Olsen, fabricante catarinense de equipamentos médicos e odontológicos, está ampliando as vendas ao mercado externo. Atualmente, 25% da produção de 400 unidades mensais são destinadas às exportações. A linha médica, por exemplo, é comercializada em 50 países. O embarque inclui as novas cadeiras para hemodiálise, macas elétricas e mesas para exames e procedimentos clínicos, lançados este ano. "Nós vendemos cadeira ginecológica para o mundo árabe", exemplifica Cesar Olsen, presidente da companhia.

A exportação já foi mais representativa para os negócios da empresa (60%), mas caiu para 5% com a concorrência dos produtos chineses e agora está em processo de retomada. Um sinal de que os clientes voltaram a comprar pela qualidade e não pelo preço dos produtos, avalia o executivo.



 

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