A expectativa do governo da Bahia é que a maioria dos municípios de seu território tenha esgotado, nos próximos dias, a capacidade de iniciar novas levas de vacinação. A segunda aplicação da Coronavac para quem já recebeu a primeira dose, porém, está garantida, porque os lotes ficaram retidos com o Estado e começaram a ser distribuídos apenas na sexta-feira.
“No entanto, para iniciar novas aplicações, precisamos receber novas remessas do Ministério da Saúde”, afirmou ao Valor Vânia Broucke, coordenadora de imunização da Bahia.
Dados do painel de cobertura do governo local mostram que 84,6% dos imunizantes destinados ao Estado para a primeira dose já haviam sido aplicados até ontem. Em 66 municípios, todas as doses já foram usadas — outros seis estão com 99% de aplicação. Na capital, Salvador, 94% dos imunizantes para a primeira dose já foram utilizados.
“A cada remessa, atendemos os grupos prioritários conforme a estimativa populacional. Alguns municípios já esgotaram, porque a quantidade de dose que chega é pequena em relação à demanda”, disse Vânia.
Na fase 1, por exemplo, a ideia inicial era atender idosos a partir de 75 anos, mas o começo precisou considerar apenas pessoas acima de 90 anos. Com a última remessa, o Estado avançou a orientação para idosos a partir de 87 anos.
“Claro que, se o município tiver completado a orientação e ainda tiver saldo, ele pode avançar decrescendo para 86, 85 anos. Mas a gente sabia que se fizesse o chamamento para todo mundo com 85 anos, não seria suficiente”, explicou a coordenadora.
Para os trabalhadores da saúde, por exemplo, foram liberadas vacinas para atender a 66% do grupo. Cerca de 250 mil dos 418 mil trabalhadores da saúde do Estado já receberam a primeira dose, segundo Vânia.
Até ontem, a Bahia havia vacinado 372.098 pessoas, de acordo com o painel de acompanhamento do Estado. Vânia diz que foram cerca de 737 mil doses recebidas em três remessas do Instituto Butantan e uma da Fiocruz. Neste último caso, não houve retenção da segunda dose por parte do Estado, "porque o Ministério da Saúde ficou de enviar em tempo hábil mais", disse Vânia, lembrando que o intervalo entre doses para a vacina distribuída pela Fiocruz é maior. Segundo ela, todo o grupo prioritário de idosos e as pessoas com deficiência em instituições de longa permanência já receberam a primeira dose, e a previsão de concluir também a vacinação de índios aldeados é iminente.
Embora ainda não haja nenhuma informação oficial, a expectativa é que, entre 17 e 23 de fevereiro, o Estado receba uma sinalização do Instituto Butantan de quantitativo e data para novas remessas, segundo Vânia.
"Ainda temos que vacinar na primeira fase as comunidades tradicionais, ribeirinhos e quilombolas, a gente não conseguiu alcançar esse público. E estamos aguardando para concluir os idosos acima de 75 anos. Concluindo esses grupos, avançamos para a segunda fase, de idosos a partir de 60 anos", disse a coordenadora. Ela observou que só para a aplicação inicial nesse novo grupo, seriam necessárias pouco menos de 2 milhões de doses.
Rio no compasso de espera
O Rio de Janeiro não deve, por ora, usar as vacinas do Instituto Butantan reservadas para a segunda aplicação como forma de garantir a primeira dose em mais pessoas, informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ao Valor. Na sexta-feira, o secretário Daniel Soranz afirmou, durante divulgação de boletim sobre a pandemia na cidade, que a prefeitura defende a utilização do lote da segunda dose da Coronavac para imunizar os grupos prioritários do município, conforme relatado pela CNN Brasil.
“A vacinação seguirá na segunda-feira, 15, para os idosos de 84 anos, e na terça, 16, idosos de 83 anos e para a segunda dose dos idosos de instituições, indígenas e quilombolas e dos profissionais de saúde da Atenção Primária envolvidos na campanha”, informou a secretaria. “A partir da quarta-feira, 17, a vacina está garantida para a segunda dose dos que já receberam a primeira", completou.
A secretaria diz estar "na expectativa da chegada de novas remessas nos próximos dias para seguir com o calendário". Pelo cronograma informado pelo Ministério da Saúde, afirma a SMS, há previsão de o município receber novas remessas de doses nas duas próximas semanas, com as quais diz esperar manter a programação da vacinação para os próximos grupos prioritários.
Segundo o vacinômetro da prefeitura, até as 15h30 de ontem, 244.787 pessoas haviam sido vacinadas. Em outra nota da secretaria, Soranz diz “a meta desta semana foi vacinar os idosos acima de 85 anos e a Prefeitura conseguiu cumprir.”