Cobrado por governadores para apresentar um plano que garanta a continuidade da campanha nacional de vacinação contra a covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, entregou ontem um cronograma de disponibilização de doses e a perspectiva para fechar novos contratos de aquisição de lotes de imunizantes. Pelas contas do ministro, quase 231 milhões de vacinas serão distribuídas aos Estados entre o fim do mês e o fim de julho.
Pazuello afirmou que as doses prometidas vão garantir a “continuidade da vacinação da população brasileira de forma igualitária e gratuita”, conforme relatou o ministério em nota divulgada após a reunião, por videoconferência, com integrantes do Fórum Nacional de Governadores.
“Totalizaremos até 31 de julho quase 231 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, ou seja, o suficiente para dar tranquilidade de proteção à população contra essa doença”, afirmou Pazuello durante o encontro virtual com governadores.
O ministro se comprometeu a entregar aos Estados, ainda em fevereiro, a quantidade de dois milhões de doses da AstraZeneca/Fiocruz, importadas da Índia, e 9,3 milhões da Sinovac/Butantan, produzidas no Brasil. Para o mês de março, a pasta prevê a chegada de mais 18 milhões de doses da vacina do Butantan e mais 16,9 milhões da vacina da AstraZeneca.
Para cumprir a promessa feita aos governadores para o primeiro semestre, o ministro considera concluir as negociações com a União Química/Gamaleya e a Precisa/Bharat Biotech. De acordo com a pasta, as tratativas com os laboratórios devem garantir a chegada ao Brasil da vacina russa Sputnik V e da indiana Covaxin, respectivamente.
Essas duas vacinas ainda não receberam sinal verde das autoridades sanitárias do Brasil. Mas o ministério informou que há a previsão de que os contratos com os laboratórios sejam assinados ainda nesta semana.
O fato de a compra de parte dos imunizantes prometidos ainda não ter sido fechada mantém a incerteza sobre a capacidade do governo federal de cumprir o compromisso com Estados e municípios. Algumas cidades chegaram a interromper a campanha de vacinação contra a covid-19 diante da sinalização de que não teriam à disposição quantidade suficiente para uma segunda dose da vacina.
Do total de 230,7 milhões doses a serem distribuídas até julho, 112,4 milhões seriam da vacina AstraZeneca (Fiocruz), 77,6 milhões de Coronavac (Butantan), 10,6 milhões da Covax Facility, 10 milhões de doses da Sputnik V (União Química) e 20 milhões da Covaxin (Barat Biotech).
Ontem, o ministro informou aos governadores que pretende distribuir 454,9 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 aos Estados até o fim deste ano.
A estratégia visa imunizar toda a população. De todas as vacinas contra a covid-19, somente a Janssen (Johnson & Johnson) prevê a aplicação de dose única para garantir imunização. As demais exigem uma segunda dose como reforço.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse ontem que, se o governo federal cumprir a promessa de entregar 104 milhões de doses até abril, o Brasil pode garantir a vacinação de todo grupo de risco.
Ele explicou, em vídeo divulgado, que essas doses atenderiam 50 milhões de brasileiros que estão na fase prioritária, que respondem por 70% dos registros de internações graves ou óbitos relacionados ao vírus.
O governador informou que até segunda-feira o Ministério da Saúde vai detalhar a quantidade de doses que cada Estado irá receber até julho.