UE corre para liberar turismo com passaporte de vacinação
26/02/2021

Líderes da União Europeia (UE) deram mais um passo na direção de criar um certificado de vacinação válido em todo o bloco. O documento visa possibilitar que os países voltem a se abrir às viagens, num momento em que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que, se eles não se apressarem, a Apple e o Google ocuparão esse espaço. 

Durante uma video-reunião de cinco horas, os 27 líderes da UE se concentraram em como poderiam reconduzir seus país a uma forma de normalidade após uma pandemia que custou ao bloco mais de 500 mil vidas e fechou grandes partes de sua economias. 

 

 
 

 
 

Embora haja amplo apoio à emissão de algum tipo de certificado, os líderes não se acertaram sobre o tipo de privilégios que esse documento trará. “Todos concordamos de que precisamos de certificados de vacina”, disse a premiê da Alemanha, Angela Merkel. “No futuro certamente será bom ter um certificado desse tipo, mas isso não significará que só os que tiverem esse tipo de passaporte poderão viajar; sobre isso, não se tomou nenhuma decisão política ainda.” 

Os líderes europeus têm se mostrado ansiosos por encontrar uma resposta, após enfrentar críticas por um programa de vacinação que ficou atrás do dos EUA e do Reino Unido. Há também a perspectiva de uma terceira onda de infecções capaz de levar à reinstauração de lockdowns mais rígidos. 

Essa foi a primeira reunião do gênero de que Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, participou na condição de premiê da Itália. Ele pediu um enfoque mais firme e pragmático para acelerar as vacinaçõese defendeu a adoção de uma postura mais dura contra empresas que não respeitarem seus compromissos de entrega de vacinas, sugerindo que suas exportações de vacinas produzidas na UE possam ser barradas não apenas no período de descumprimento dos acordos, mas também por um prazo a maior. 

 

O crescente apoio a um certificado digital com critérios conjuntos, como vacinação, testagem negativa ou imunidade, foi ajudado pelo aparente abrandamento da posição de Merkel sobre a questão. A premiê apoiou os esforços por um documento desse gênero, de acordo com duas fontes. 

Mas Leyen pediu pressa, pois as empresas de tecnologia americanas já estariam discutindo uma alternativa com a Organização Mundial de Saúde (OMS). “É importante ter uma solução europeia porque senão outros ocuparão esse espaço”, disse ela à imprensa. “O Google e a Apple já estão oferecendo soluções à OMS. E essas são informações delicadas, por isso queremos deixar bem claro que ofereceremos uma solução europeia.” 

A convergência em torno dos passaportes de vacinação decorre da determinação das economias do bloco que mais dependem do turismo e que sofreram as contrações mais profundas no ano passado. Esses países querem voltar a receber as pessoas que tiverem sido vacinadas. Outros, porém, resistem a esse tipo de iniciativa, alegando a falta de provas convincentes de que a vacinação suspende a transmissão, além de preocupações com a concessão de privilégios e considerações jurídicas especiais a determinados cidadãos. 

Os países mais dependentes do turismo têm pressa e querem que o passaporte de vacinação esteja pronto antes da temporada de turismo de verão na Europa. A ideia é que o documento esteja pronto em até três meses. 

O presidente da França, Emmanuel Macron, se revelou mais cético durante a discussão, ao manifestar preocupações sobre incógnitas, como a duração da imunidade, o risco de infecção das pessoas que tiverem sido vacinadas, além de questões jurídicas e éticas ligadas à proteção de dados pessoais, informaram duas pessoas a par de seus comentários. 

“Teremos, no fim, um enfoque da UE harmonioso”, disse ele à imprensa. “Isso é evidente, pois não há opção.” 

A reunião de cúpula realizou-se após o executivo-chefe da AstraZeneca, Pascal Soriot, ter falado ao Parlamento Europeu e ter tentado evitar responsabilização pelo atraso na entregas de vacinas contra covid-19 à Europa. 

 
Soriot disse que sua empresa entregará 40 milhões de doses à UE no primeiro trimestre, e que o volume subirá nos meses seguintes. A empresa diz estar trabalhando 24 horas por dia para aumentar a produção. “Normalmente, no nosso setor, leva anos para refinar o processo”, disse. “Nesse caso não tivemos esse tempo, não tivemos esse luxo. Tivemos seis meses.” 

Durante a discussão dos líderes, Leyen tentou tranquilizar o grupo dizendo que qualquer escassez na disponibilidade de vacinas acabará logo. Segundo um slide exibido na reunião, as doses disponíveis nos próximos trimestres serão suficientes para vacinar o grosso da população do bloco até o fim de setembro. Draghi não se mostrou convencido, de acordo com outra autoridade. Teria dito que não é possível prever as entregas do segundo e terceiro trimestres. 

Preocupações em torno da vacinação ocorrem num momento em que os governos voltam a se defrontar com números crescentes de infecções. Paris está entre 20 regiões francesas que deverão enfrentar novas restrições para o combate à covid-19 a partir da semana que vem, devido ao salto dos casos, disse o premiê Jean Castex. 

O governo francês pediu às autoridades de saúde que monitorem de perto a situação na capital e em outras áreas administrativas, num momento em que tenta evitar um terceiro lockdown em todo o país, disse Castex ontem. Embora a França contabilize uma média de cerca de 20 mil novos casos por dia desde dezembro, e a taxa de ocupação das UTIs tenha mostrado recentemente uma leve alta, para 67%, há uma variação regional cada vez mais acentuada. 

Fonte: Valor




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