A imprensa internacional repercutiu nesta quarta-feira o agravamento da crise da covid-19 no Brasil, que, em meio a um colapso dos hospitais em cidades de várias regiões do país, registrou ontem 1.726 mortes por causa da doença, um recorde desde o início da pandemia.
Em reportagem publicada em sua edição digital hoje, o jornal americano “The New York Times” ouviu cientistas que dizem que a situação do Brasil deve servir de alerta para o mundo. A publicação também destaca a rapidez da disseminação da variante de Manaus.
O “NYT” também traz a preocupação dos cientistas com a disseminação da variante de Manaus, batizada como P.1. Segundo a reportagem, no fim do mês passado, autoridades de saúde já haviam relatado casos da nova cepa em 21 dos 27 Estados brasileiros.
O jornal ainda afirma que faltam testes para avaliar a prevalência da variante em todo o país. A vacinação, que poderia conter o aumento dos casos, também não está avançando, segundo o “NYT”, que cita a dificuldade do governo em garantir as doses necessárias para imunizar os brasileiros e o ceticismo do presidente Jair Bolsonaro sobre o impacto da doença e das próprias vacinas.
O “The Guardian”, do Reino Unido, afirma que o mais recente surto da doença do Brasil se tornou uma “ameaça global” por “abrir portas” para o surgimento de variantes do vírus ainda mais letais.
O jornal britânico ouviu o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, que pediu à comunidade internacional para desafiar o governo de Bolsonaro por não conter uma pandemia que já matou mais de 250 mil pessoas no país.
O “Guardian” também fala sobre a variante de Manaus e cita que seis casos provocados pela P.1 já foram detectados no Reino Unido. Mas outras mais podem surgir se a situação não for controlada, segundo Nicolelis.
“O Brasil é um laboratório a céu aberto para o vírus se proliferar e eventualmente criar mutações mais letais”, alertou o professor. “Isso é sobre o mundo. É global.”