Setor privado está dividido sobre compra de vacinas
11/03/2021

O empresário Carlos Wizard Martins, controlador do grupo Sforza - dono da rede Taco Bell, Mundo Verde e sócio da IMC (Frango Assado) - e Luciano Hang, controlador da rede varejista Havan, estão negociando com o governo federal a possibilidade de antecipar a compra de vacinas para o combate à covid-19 e distribuí-las ao setor privado ao mesmo tempo que a imunização é feita à população do grupo de risco pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Apoiadores do governo Jair Bolsonaro, Wizard e Hang manifestaram, no mês passado, interesse para a aquisição de imunizantes para distribuir aos seus funcionários. A iniciativa, segundo Wizard, conta com a adesão de cem empresários das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Originalmente, Wizard previa negociar a compra de vacinas a partir de julho, quando boa parte da população do grupo de risco e profissionais da saúde já estivesse imunizada. 
 

Wizard entende, contudo, que, pelo ritmo atual da campanha nacional de vacinação, vai demorar pelo menos mais seis meses para que esses grupos estejam atendidos. “Fizemos um apelo ao governo para que não precisássemos esperar todo esse tempo”, disse o empresário ao Valor. Ele avalia tomar medidas judiciais para fazer valer a sua iniciativa. O empresário disse que tem trabalhado de forma alinhada com o Ministério da Saúde para negociar a compra das vacinas com os fornecedores homologados pelo governo. As negociações de compra ainda não começaram. 

O Projeto de Lei (PL) 534/2021, sancionado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), autoriza Estados, municípios e o setor privado a comprarem vacinas. No entanto, as empresas só poderão distribuir as doses adquiridas aos seus funcionários depois que o grupo prioritário for atendido. Metade da compra pelas companhias tem de ser doada ao SUS. 

Em dezembro, o setor privado já tinha tentado se organizar para a compra de 33 milhões de doses da vacinas Oxford/ AstraZeneca, em um movimento encabeçado pela Coalizão Indústria, com aval do governo. A iniciativa, contudo, foi duramente criticada por ser considerada como “fura fila” de grupos prioritários. As indústrias desistiram, à época, da compra e não devem retomar esse projeto, por ora. 

 

“Não faz mais sentido agora”, disse Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo ele, a iniciativa era complementar ao programa do governo federal e previa imunizar trabalhadores da indústria e de pequenas e médias empresas, em um movimento para acelerar a vacinação, sem concorrer com o governo. 

Em outra frente, outro grupo de empresários, reunidos no movimento Unidos pela Vacina, tem ajudado governos e municípios a se estruturarem para acelerar a campanha de vacinação. Idealizado por Luiza Trajano, presidente do conselho de administração da varejista Magazine Luiza, esse grupo, que reúne presidentes de grandes empresas brasileiras, como Paulo Kakinoff, da Gol, e Walter Schalka, da Suzano, atuou nos bastidores para que o projeto de lei de compra de vacinas fosse aprovado. 

O grupo também tem mapeado as cidades que enfrentam dificuldades para a aquisição de insumos e de equipamentos para acomodar as vacinas e se colocou à disposição para ajudar na logística de distribuição de vacinas. Procurado, o Unidos pela Vacina não quis comentar o assunto. Uma fonte ligada à iniciativa reforçou que eles não pretendem, neste momento, comprar imunizantes como iniciativa privada. 

 

Fonte: Valor




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