O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou, na quarta-feira (10), que o sistema de saúde brasileiro "não colapsou, nem vai colapsar". A fala foi proferida no mesmo dia em que o país perdeu 2.349 vidas para a Covid-19, o maior número de mortes em 24h desde o início da pandemia. A declaração de Pazuello também é o contrário do que dizem secretários de Saúde, prefeitos e governadores ao redor do país (veja detalhes mais abaixo).
Na semana passada, o jornal "Valor Econômico" noticiou que pessoas no entorno do ministro previam que o Brasil teria 3 mil mortes diárias pela Covid em março.
Ainda na quarta-feira (10), Pazuello afirmou, também, que o Brasil receberia, neste mês, de 22 a 25 milhões de doses de vacinas, "podendo chegar a 38 milhões". A quantidade é menor do que a última previsão divulgada pelo Ministério da Saúde, no dia 6 de março, de 30 milhões de doses. A redução é a quinta feita nas previsões de doses a serem entregues no mês de março. (Veja detalhes mais abaixo).
Até agora, o Brasil aplicou 9 milhões de doses de vacina – o equivalente a 11,7% da população em grupos prioritários. Só 3,1 milhões de pessoas receberam ambas as doses de algum imunizante.
Depois de registrar, em fevereiro, o 2º maior número de mortes mensais desde o início da pandemia, o Brasil teve quatro recordes de mortes vistas em 24h só no mês de março. O primeiro foi no dia 2, quando 1.726 pessoas perderam a vida para a Covid.
No dia seguinte, mais 1.840 pessoas morreram pela doença, outro recorde diário. Os últimos dois picos foram vistos na terça (9), com 1.954 mortes, e na quarta (10), com 2.349 óbitos (veja gráfico).
O colapso na Saúde que Pazuello afirmou que o país não teria também está acontecendo, segundo afirmações feitas por prefeitos, governadores, secretários de Saúde municipais e estaduais e profissionais na linha de frente. Dados de internações em UTIs também levaram a Fiocruz a dar "alerta crítico" para 20 estados.
Alguns estados já tiveram que alugar contêineres e abrir covas para acomodar os mortos pela Covid-19.
Veja algumas situações ao redor do país:
Na quarta (10), durante a cerimônia de assinatura de novas leis que vão facilitar a compra de vacinas, Pazuello disse que o Brasil receberia, em março, de 22 a 25 milhões de doses da vacina, “podendo chegar a 38 milhões”.
“Sem a produção da Fiocruz e Butantan, nós hoje praticamente não teríamos vacinado ninguém. As doses importadas, negociadas, contratadas, empenhadas por laboratórios internacionais, nós temos muita incerteza de recebê-las. Nós estamos garantidos para março entre 22 e 25 milhões de doses, podendo chegar até 38 milhões de doses”, afirmou Pazuello.
A quantidade é menor do que a divulgada pelo Ministério da Saúde no dia 6 de março. No último documento, a pasta contabiliza 30 milhões de doses. Nesse total, o governo somou as doses das vacinas CoronaVac, Oxford e a primeira parte do contrato firmado com a Aliança Covax.
Veja as últimas mudanças para março:
O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber se ocorreu alguma alteração no cronograma de entregas disponibilizado pela pasta. Também perguntou quais são as doses garantidas citadas pelo ministro. O ministério não respondeu até a publicação da reportagem.