Intermédica vê cenário de muita dificuldade
18/03/2021

O diretor-presidente da operadora NotreDame Intermédica, Irlau Machado Filho, traçou um cenário bastante desafiador para o setor de saúde no futuro próximo. “A má notícia é que pandemia não está no fim. Não sei se chegou ao pico. Não acho que teremos solução para os próximos meses. Do ponto de vista de indústria no Brasil, teremos muita dificuldade pela frente”, disse, durante teleconferência, na manhã de ontem, para comentar o balanço do quarto trimestre de 2020. 

O executivo elencou uma série de revezes sofridos pelo setor nos últimos meses, na esteira da pandemia. “Órgãos de defesa do consumidor querendo multar operadoras em função de ajuste de preço ou querendo multar pelo uso da própria telemedicina. Temos a aprovação de novos atendimentos, na ordem de 60 procedimentos que agora fazem parte da cobertura obrigatória. Temos movimento de que todos os exames de covid terão de ser cobertos por plano de saúde”, disse. 

Sem apontar nomes, o executivo criticou ainda a recente decisão do governo de São Paulo pelo fim da isenção de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadores e Serviços) para materiais de saúde no Estado. Com isso, a alíquota de 18% passou a incidir sobre parte significativa dos produtos. “Estamos no meio de uma pandemia”, criticou. O grupo, entretanto, pode conseguir se beneficiar em algumas áreas diante do caos. 
 
 

O executivo explicou que muitas operadoras menores não estão conseguindo administrar a crise. “Nós criamos 320 leitos adicionais de UTI para oferecer. Tem muita empresa menor que não vai conseguir diluir seus gastos, ou mitigar os problemas de imagem diante da ausência de leitos. Uma opinião é que esses clientes vão migrar para nós”, disse, destacando que, no fim das contas, o cenário não é nada positivo para o país. 

Diante da elevação da demanda por procedimentos em um período de fragilidade do setor, o executivo disse que o grupo passou a solicitar que os pacientes reavaliem as datas de cirurgias eletivas. “Estamos provocando. Será que faz sentido fazer essa cirurgia agora? Isso está funcionando bem porque as pessoas estão vendo as notícias”, disse, destacando que o grupo tem mantido as cirurgias necessárias. 

Machado destacou que a empresa continuará a perseguir a redução da sinistralidade após o fim do cenário adverso provocado pela pandemia. Segundo ele, o objetivo continua manter uma tendência de 1% de queda ao ano. “Retirando a covid, temos reduzido nossa sinistralidade em torno de 1% a 1,5% todo ano. Queremos dar continuidade a isso? Sim. Quando fazemos aquisições, temos empresas que não têm sinistralidade no nosso nível. Nosso papel é trazê-los ao nosso patamar”, disse. 

O grupo investiu R$ 3,7 bilhões em 14 aquisições em 2020. As compras ajudaram a impulsionar os resultados consolidados do ano: o lucro líquido subiu 73,7%, para R$ 735,7 milhões e a receita aumentou 26,9%, para R$ 10,6 bilhões. 

A empresa aumentou em 35% seu número de hospitais, passando de 20 em 2019 para 27 em 2020. Com isso, o total de leitos cresceu 25,4%, para 3.122. O número de beneficiários de seus planos de saúde e odontológicos aumentou 21,8%, para 6,15 milhões. 

A pandemia afetou principalmente a receita de serviços hospitalares, que caiu 15,8%, para R$ 564,2 milhões em 2020, com a suspensão de cirurgias eletivas e as medidas de isolamento social, principalmente no segundo trimestre do ano passado. 

 
Em 27 de fevereiro deste ano, o grupo anunciou sua maior transação: a fusão com a Hapvida, criando uma das maiores operadoras verticalizadas do mundo. O negócio ainda depende de aprovação dos acionistas das companhias, no dia 29 deste mês, além do aval da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Fonte: Valor




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