Com 22 anos, um jovem da periferia da zona leste de São Paulo foi a primeira pessoa a morrer na cidade à espera de um leito de UTI para pacientes com covid-19. Diante da situação, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que a situação é de “extrema gravidade e dificuldade” e disse que o sistema de saúde está “colapsando”. Para tentar conter o avanço da doença, a prefeitura antecipou cinco feriados municipais e fará, a partir do dia 26, um “feriadão” de dez dias para limitar a circulação de pessoas. O prefeito, no entanto, descartou o “lockdown” e disse que a medida é inviável. 

Contaminado pelo novo coronavírus, Renan Ribeiro Cardoso, de 22 anos, faleceu no sábado, 46 horas depois buscar atendimento no sistema municipal de saúde de São Mateus, na zona leste, sem conseguir vaga na UTI. O esperado leito só foi liberado para receber o jovem 19 minutos após a morte de Cardoso. 

O prefeito lamentou o falecimento do jovem sem atendimento. “Infelizmente a gente vê colapsando o sistema de saúde”, disse Covas à GloboNews. 

Em entrevista coletiva, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, citou o caso de Cardoso e alertou para a rápida evolução da doença. Covas destacou a idade do rapaz e disse que mudou o perfil das pessoas hospitalizadas nesse novo pico da doença na cidade, com avanço entre os mais jovens. 

O sistema de saúde em São Paulo está à beira do colapso, reforçou o secretário. A taxa de ocupação dos leitos de UTI na capital ontem era de 88% e quase toda a rede de urgência e emergência das UPAs estava com “lotação esgotada”. Covas disse que ontem 475 pessoas aguardavam um leito municipal. 

Com o crescimento de casos e de mortes por covid-19, a prefeitura antecipou dois feriados municipais deste ano e três de 2022. Os cinco dias serão emendados com o feriado nacional da Páscoa, totalizando um “feriadão” de dez dias, entre os dias 26 de março e 4 de abril. Foram antecipados os feriados de Corpus Christi deste ano e de 2022, e o do aniversário da cidade, 25 de janeiro, do próximo ano. Covas negocia com o governador do Estado, João Doria (PSDB), a antecipação do 9 de julho. 
 

A prefeitura anunciou também mudanças no rodízio de carros, alterando o horário de restrição para valer das 20h às 5h. Covas descartou o “lockdown” e disse não ter como fiscalizar o cumprimento da medida.