Em março, a Unimed Grande Florianópolis (SC) instalou duas cabines de auto-atendimento, para oferecer suporte médico 24 horas a funcionários da Portobello, fabricante de revestimentos cerâmicos, e da Intelbras, empresa que produz dispositivos de segurança e redes.
As cabines batizadas de Doctor-U fazem um trabalho similar ao da triagem médica do pronto-socorro, medindo temperatura, pressão arterial, peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e frequência cardíaca do paciente.
“Se um funcionário apresentar sintomas de covid-19, por exemplo, não precisa esperar o agendamento no ambulatório”, diz Tomás Schnorr Rios, gerente de produtos da Unimed Grande Florianópolis. “O médico é acionado da cabine e já providencia o atestado médico para liberação do funcionário, bem como o pedido do teste PCR que detecta o vírus.”
Rios explica que a ideia de projetar as cabines começou junto com a pandemia, em março do ano passado. Após analisar modelos na China e nos Estados Unidos, a empresa desenvolveu as próprias cabines chamadas Doctor-U.
As unidades são fabricadas em Florianópolis, pela empresa catarinense Pró Stands, contando com o equipamento de aferição Safety, da empresa espanhola Keito, importados e adaptados pela empresa TeleWorld, e integrados a um sistema de telemedicina da argentina Doc 24, incluindo um tablet para contato com o médico.
A cabine também facilita encaminhamentos para especialistas e renovação de receitas médicas, evitando que o paciente tenha que se deslocar até o consultório médico, diz Rios.
Agora a Unimed já está avaliando usar as cabines, de forma itinerante, em cidades da Grande Florianópolis, que não têm hospitais próximos, como os municípios de Canelinhas e São Bonifácio. A empresa também conversa com outras unidades do grupo, no Rio Grande do Sul e no Nordeste, interessadas em testar o modelo.
Para reduzir o risco de infecção pelo coronavírus, as cabines foram adesivadas com uma película antiviral à base de poliuretano, da catarinense TNS, que possui nanopartículas de prata na composição. “Os próximos modelos já saem de fábrica revestidos com tecidos que bloqueiam a disseminação do vírus da covid-19”, informa Rios.
Por se tratar de um projeto piloto, as empresas Portobello e Intelbras não pagam pelo uso das cabines. A Unimed paga R$ 3 mil mensais pelo aluguel dos equipamentos de telemedicina, sem contar o software e o revestimento cedidos pelos fornecedores e está formulando um modelo de negócio para expandir as cabines.
Até o fim do mês, a Sul América instala um totem de auto-atendimento em uma clínica médica da rede Paraná Clínicas, em Curitiba (PR). A máquina, produzida pela Keito, custou R$ 34 mil.
Alexandre Putini, diretor de inovação, transformação digital e análise de dados da Sul América, explica que o equipamento usa recursos de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) para avaliar pressão arterial, oxigenação, temperatura e IMC do paciente. “Queremos testar este modelo de triagem self-service na clínica e avaliar os resultados antes de decidir sobre a expansão do modelo”, diz o executivo. Usar uma cabine de auto-atendimento também está no plano das ideias da Sul América.
Putini diz que a empresa estuda a criação de uma cabine para tratamentos antiestresse, com o uso de terapias por cores.
A operadora também avalia um software israelense capaz de detectar o estado do paciente por análise facial e da íris em consultas médicas por vídeo. O software ainda está em estágio inicial de desenvolvimento e não tem aprovação de autoridades sanitárias no exterior. Putini prevê o uso dessa tecnologia a partir de 2022.