Santa Casa: santo atendimento filantrópico
04/05/2021
Quando se pensa em hospital filantrópico, o primeiro nome que vem à mente de todos é o da Santa Casa de Belo Horizonte. E não poderia ser diferente, o hospital foi a primeira instituição de saúde da cidade, nasceu dois anos depois de BH ter sido inaugurada, e por isso, está completando 122 anos de atividades. É a maior prestadora filantrópica de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais e uma das maiores do Brasil, oferecendo atendimento de qualidade em 35 especialidades médicas.

Ao longo de todos esses anos a instituição passou por muitas crises e problemas, chegou à beira da falência, mas graças a uma equipe administrativa competente, parcerias e ajudas de pessoas jurídicas e físicas, conseguiu superar este grave momento, e hoje, tem feito um trabalho de destaque no tratamento de infectados com a COVID-19.
 
Mesmo assim, com o aumento abusivo do preço dos medicamentos, que chegaram a índices acima de 50%, a Santa Casa BH mais uma vez levanta sua voz em busca de ajuda para aquisição de equipamentos e medicamentos, fundamentais no tratamento do novo coronavírus. Afinal, quem mais ajuda é também quem mais precisa de ajuda.
 
Para se ter uma ideia do tamanho deste gigante que é a Santa Casa BH, ela emprega 5.7 mil trabalhadores em regime de CLT. Só médicos são 1.4 mil entre contratados, pessoas jurídicas e cooperados. Diariamente circulam em seus prédios mais de 16 mil pessoas. É mais gente do que a população de muita cidade.

TRABALHO INTENSO O diretor de Gestão Corporativa e Relações Institucionais do grupo, Gonçalo de Abreu Barbosa, está há 21 anos na equipe da Santa Casa BH. Administrador competente, foi um dos que contribuiu para tirar o hospital da falência. Trabalha duro todos os dias, e garante que é como se tivesse que matar um leão, um tigre, um touro e a boiada inteira, diariamente. Apesar disso, sua voz é cheia de energia, alegria, garra, amor e paixão pelo que faz, um ânimo de quem acabou de ser contratado.


O diretor diz que brinca com os administradores recém-formados, dizendo que para trabalhar lá é preciso esquecer tudo que aprendeu na escola, porque as coisas, para darem certo, tem que ser feitas ao contrário. “Em uma instituição que vive com recursos do SUS, recebe mal e atrasado, é preciso usar de criatividade a todo momento, se usar soluções convencionais não dá certo. Tem que sempre buscar alternativas e ficar sempre de olho no caixa. Na escola aprende-se que deve olhar mais o econômico e menos o financeiro. Aqui é o contrário”, comenta.
 
Para Gonçalo, quem quiser trabalhar na Santa Casa precisa ter três qualidades: saber trabalhar em equipe – ninguém faz nada sozinho, e saber aproveitar o máximo do potencial de cada um da equipe –; ter visão de futuro – tem que ver sempre onde vai chegar e colocar como objetivo – e não parar de estudar, para estar atualizado no que há de mais novo na área.
 
“Tem dado certo, pegamos a Santa Casa falida, com passivos tributários, trabalhistas e com fornecedores, milhões de cheques pré-datados e colocamos nos eixos. Foi um trabalho difícil, mas foi fundamental o apoio da sociedade e dos parlamentares”, explica Barbosa.
A COVID mostrou que a Santa Casa tinha muita capacidade de fazer as coisas, resultado de um trabalho de longos anos. Hoje, com a suspensão das cirurgias eletivas e a baixa demanda de atendimento de outras doenças nas UPAs, o hospital está com mais de 200 leitos vagos não COVID. Estão disponíveis para o município, e são ocupados pela Central de Internação. Outra consequência da pandemia foi a necessidade de aumentar o quadro de funcionários. Foi preciso fazer a contratação de mais 700 pessoas, o que significou em um aumento significativo na folha de pagamento.

DRIBLANDO A CRISE  Gonçalo explica que conseguiram, por meio de uma articulação do Setor Filantrópico Nacional, a aprovação de alguns projetos de lei propostos. Isso possibilitou um recurso extra. Entre as leis aprovadas está uma que define que o pagamento dos valores mensais feitos pelo SUS fosse pela média de atendimento do ano passado, e não por leito ocupado. Isso foi de extrema importância, uma vez que havia perda de receita em outras patologias, mas quando se paga pela média integral foi possível reduzir esta perda.
 
O grupo conseguiu também aprovação de leis de liberação de recursos extras para COVID-19. O gestor conta que a Santa Casa BH recebeu muita ajuda de empresas e pessoas físicas. Algumas em espécie e outras em materialidade. Graças a uma doação de uma grande loja de material para construção, será possível começar a reforma de uma ala do hospital.


“Saímos atrás de doações, mas cerca de 20% das ajudas recebidas chegam de forma espontânea. Ano passado a arrecadação foi surpreendente, conseguimos sensibilizar grandes empresas. Acredito no modelo de financiamento misto, pagamento do serviço e ajuda da sociedade. Este modelo é muito comum nos Estados Unidos, e em Barretos funciona muito bem. Aqui tem nos ajudado significativamente. O recurso financeiro que vem de doação de pessoa física possibilita compra de medicamentos e materiais descartáveis, uma vez que a maioria dos fornecedores só vende à vista, ou melhor, pagamos antecipado, para depois receber a medicação”, explica Gonçalo Barbosa.
 
O diretor faz questão de ressaltar a grande ajuda da PBH, que tem enviado medicamos, mas o consumo é muito alto, e tem época que o consumo é maior e falta. Por isso, acertaram com o Secretário Municipal de Saúde que sem medicamos suspenderiam as internações. “O fim de semana retrasado foi um caos, tínhamos muito internados e faltou analgésico, principalmente para os entubados, que é importantíssimo. Com ajuda de parceiros e da PBH conseguimos adquirir em urgência. Compramos medicamentos até da Unimed, que tinha importado um grande lote, mas estavam parados na Anvisa. Conseguimos a liberação através do presidente do Senado. Foi um milagre”, relata.

A conduta implantada e passada para o Conselho da Santa Casa é atender as pessoas que forem encaminhadas para o hospital, depois ver como pagar, porque a missão histórica é atender as pessoas. A Santa Casa tem outros negócios que ajudam na arrecadação de receita, como a faculdade, que oferece cursos de graduação, pós-graduação e doutorado, a Escola de Enfermagem, a funerária, o Hospital São Lucas. Mas estas fontes de renda foram afetadas na pandemia, porque houve muita inadimplência, e houve redução no atendimento hospitalar de outras patologias. A queda de receita foi de cerca de 15%. Felizmente, aumentou o repasse do SUS, e a PBH ajuda com verbas emergenciais para COVID via Recurso Orçamentário do Tesouro (ROT).
 
“O limite para se fazer campanha é não faltar remédio. Mas as coisas são muito grandes na Santa Casa, o que ajuda é a somatória de todas as ações. Não seremos irresponsáveis de aceitar pacientes que não conseguiremos tratar. Estamos com mais dois projetos de lei no Senado, que estamos pedindo urgência para adiantar a votação, e caso sejam aprovados, viabilizará mais verbas.”, conta Barbosa.




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