Após um IPO de R$ 11 bilhões, Rede D’Or busca mais R$ 6,7 bi
20/05/2021

Cinco meses após levantar R$ 11,4 bilhões em sua oferta inicial de ações (IPO), a segunda maior na história do país, e concluir há poucos dias uma emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 1,5 bilhão, a Rede D’Or está captando mais R$ 6,7 bilhões num “follow-on” (oferta subsequente de ações), conforme antecipou o “Pipeline”, site de negócios do Valor. Com isso, o grupo deve colocar mais R$ 1,8 bilhão no seu caixa, que encerrou o primeiro trimestre com a cifra de R$ 13,6 bilhões, e partir ainda mais forte para o competitivo mercado de saúde, do qual já é líder. 

Entre outubro e abril, a Rede D’Or anunciou oito aquisições - volume muito superior ao de anos anteriores. Para efeitos de comparação, entre 2015 e 2018, foram comprados 15 hospitais. 

 
Entre seus concorrentes, há empresas como a Dasa, cujo controlador juntou seus negócios de medicina diagnóstica e hospitais e fez um re-IPO de R$ 3,3 bilhões, e a rede mineira de hospitais Mater Dei, que captou R$ 1,4 bilhão na abertura capital no último mês. E, também grupos de saúde que se formaram há poucos anos por gestoras de private equity que começaram a investir no setor hospitalar a partir de 2015, quando a legislação passou a permitir capital estrangeiro nesses ativos. Nessa turma estão a Hospital Care, controlada pelos fundos Crescera e da família do empresário Elie Horn, e a Kora Saúde, capitaneada pelo H.I.G. 

 

Há ainda alguma competição, numa menor escala, com as operadoras verticalizadas NotreDame Intermédica, Hapvida e Athena (controlada pelo Pátria) que também estão comprando hospitais para aumentar suas respectivas redes credenciadas. Mas nesse caso a concorrência não é direta porque a Rede D’Or investe em hospitais premium. 

A demanda por esses ativos é tamanha que o mercado já presenciou transações em que o valor do negócio bateu em 26 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). 

Por outro lado, o mercado hospitalar ainda é bastante pulverizado. Metade dos hospitais do país é de pequeno porte, com cerca de 50 leitos, mas para esse negócio ser rentável é preciso ter o triplo desse número - principal razão para o processo de consolidação dos grupos. 

Com o caixa gordo, a D’Or deve partir para novas praça até para evitar sanções Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor (Cade) em regiões onde já tem presença consolidada. Hoje, a empresa tem mais de 50 hospitais, que juntos contam com 9 mil leitos no Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Paraná, Distrito Federal, além da Paraíba e Minas Gerais, mercados cujas aquisições estão em análise pela autarquia antitruste. 

Diante desse cenário concorrencial e da tendência dos hospitais serem procurados para casos mais graves, a D’Or também vem diversificando seus negócios. O grupo é dono de uma ampla rede de clínicas oncológicas, com mais de 50 unidades no país, é o maior acionista da Qualicorp, e também tem corretora de planos de saúde e empresa de banco de sangue, entre outros. Ainda assim, os hospitais vão continuar sendo o centro do negócio, uma vez que a demanda por tratamentos complexos continuará crescendo, tendo em vista o envelhecimento da população. 

 

O “follow-on” da Rede D’Or - que é uma oferta restrita, voltada a investidores qualificados - é mais uma demonstração de que o mercado está em busca de ativos mais consolidados mesmo no setor de saúde, de resiliência alta e demanda acelerada, tendo em vista a pandemia da covid-19. 

Nesta última safra de IPOs, o setor de saúde era considerado um dos queridinhos, com promessa de captações milionárias na esteira do sucesso da abertura de capital da Rede D’Or, em dezembro. Mas o que se viu foram investidores pedindo descontos generosos e empresas adiando seus IPOs com a alegação de que o cenário econômico não era promissor. Das sete empresas de saúde que pretendiam ir à bolsa, cinco - Athena, Bionexo, Hospital Care, Kora Saúde e Viveo - adiaram seus projetos. O Mater Dei abriu seu capital após aceitar desconto de 20% e no “re-IPO da Dasa”, a família Bueno entrou com uma capitalização porque não valia a pena vender ações com os valores negociados na época. 

Mas o que se viu em meio a esse cenário de vacas magras, foi uma demanda maior do que a oferta no “follow-on” da Hapvida, que foi a mercado no mesmo período. A operadora, que negocia uma fusão com a NotreDame Intermédica, captou R$ 2,7 bilhões, “roubando” o investidor de quem tentava estrear na bolsa. 

 

Fonte: Valor




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