Ainda é cedo para afirmar que esses números são precisos, porque o país não produziu um grande volume de sequenciamentos genéticos de amostras coletadas em julho. Duas diferenças de contexto em relação à disseminação de Gama e Delta, porém, inspiram mais preocupação.
Primeiro, enquanto a Gama começou a se espalhar no país em uma população ainda não vacinada, a Delta já encontrou uma resistência parcial, porque entre junho e julho a taxa de população plenamente vacinada no Brasil subiu de 10% para 40%. Segundo, a variante Delta parece estar conseguindo crescer não apenas na parcela dos casos ocorridos no Brasil, mas também no número absoluto de casos.
Enquanto a Gama dobrou o número de casos num momento em que a epidemia crescia 14% ao mês no Brasil, a Delta pode ter mais do que quintuplicado, num momento em que a epidemia declina (de 2 milhões para 1,3 milhão de casos por mês).
— Pelo que essa variante já mostrou em outros países, nós podemos entender que esse aumento vai se dar aqui no Brasil também — afirma o epidemiologista Paulo Petry, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Um dado otimista, porém, é que a taxa de mortalidade pela Delta não parece ser muito maior. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 5% dos casos da Delta no país resultaram em morte — no Brasil, a taxa de mortes por casos confirmados está em 3%, mas especialistas estimam que o número seja maior. Outro ponto a comemorar é que a maioria das vacinas protege as pessoas de doença grave e morte.