“Vamos fazer mais de 100 milhões de doses no Brasil”, diz Pfizer
08/09/2021

O presidente global da Pfizer, Albert Bourla, afirmou ontem que a produção de Pfizer e BioNTech com a brasileira Eurofarma no Brasil será superior a 100 milhões de doses de vacinas contra covid-19 por ano, para distribuição na América Latina. Em respostas ao Valor, Bourla ressaltou o acordo com a brasileira, mas dirigentes de Johnson & Johnson, Roche e Merck indicaram não ter planos de produção no Brasil de remédio ou tratamento da doença no momento. 

Durante briefing virtual organizado pela Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA), que representa grandes laboratórios ocidentais, o CEO foi indagado por um blog por que demorou tanto a negociação de venda de vacinas ao Brasil. 

“’Não é meu papel revelar as discussões que tivemos com os governos e se eram fáceis ou difíceis’’, retrucou. “O que eu sei é que, neste momento, estamos fornecendo um número significativo de doses ao Brasil, principalmente vindas de nossas fábricas nos Estados Unidos, mas também acabamos de assinar um acordo semelhante ao que fizemos com o Biobank na África’’. 

Indagado pelo Valor, Bourla disse que a fabricação no Brasil com a Eurofarma, para venda na América Latina, poderá em menos de um ano alcançar e até superar 100 milhões de doses ao ano. Esse volume, em todo caso, é pouco significativo comparado à produção global do laboratório. A Pfizer mais que dobrou sua projeção da vacina neste ano, passando de 1,3 bilhão para 3 bilhões de dose. Para 2022, a expectativa é de atingir 4 bilhões de doses. Cerca de 40% vão para países emergentes e pobres. 

Bourla explicou que primeiro Pfizer maximizou sua produção em determinadas fábricas, e agora selecionou parceiros, como a brasileira Eurofarma, “que sabem como fazer essas coisas, com nossa ajuda, mas que também estão num certo nível e acho que este é o caminho a seguir’’. 

 

Já o vice-chairman e chief scientific officer da J&J, Paul Stoffels, observou que, com relação ao Brasil, no momento fornece vacina a partir de produção nos EUA e na Europa. Argumentou que é muito complicado fazer transferência de tecnologia, que é preciso ter as pessoas certas nos dois lados. 

A CEO da Merck, Belén Garijo, comentou que desde o inicio da pandemia no Brasil contribui “com um investimento significativo e doações de múltiplas terapias básicas ou produtos de higiene para poder ajudar os pacientes brasileiros”. Mas que a contribuição mais importante é através do fornecimento de matérias-primas críticas aos fabricantes de vacinas para diagnosticar produtos diagnósticos e terapêuticos da covid-19. 

O CEO da Roche Pharmaceuticals, Bill Anderson, disse que o foco tem sido maximizar a produção em algumas fábricas, e nenhuma delas está no Brasil. 

Depois da fase inicial de escassez, os laboratórios ocidentais prometem muita vacina agora. Segundo a Ifpma, a produção já passou de sete bilhões de doses neste ano e deve atingir 12 bilhões até o fim do ano - metade produzida por laboratórios chineses, segundo a consultoria Airfinity. Para 2022, se não houver nenhum grande gargalo, até junho a produção total poderá passar de 24 bilhões, quando o fornecimento provavelmente ultrapassará a demanda global. 

O problema é a persistente desigualdade na distribuição. Nos países ricos, só não se vacina quem não quer. Nos países africanos, a média é de apenas 6% de vacinados. 

A indústria biofarmacêutica diz que, de agora em diante, os países desenvolvidos que formam o G7 têm estoques suficientes de doses para vacinar adultos, adolescentes e implementar programas de reforço (terceira vacina) para proteger os grupos de maior risco, e também aumentar substancialmente o número de doses disponíveis para países de baixa e média-baixa renda. 

A estimativa é de que 500 milhões de doses estariam disponíveis em setembro em países desenvolvidos membros do G7 para redistribuição a nações pobres. No fim do ano, mais de 1,2 bilhão poderiam estar disponíveis a doação. 

Para os laboratórios, a liderança política é fundamental para permitir a entrega de doses o mais rápido possível. ‘Reduzir o custo da pandemia em vidas e meios de subsistência requer acesso equitativo às vacinas e prontidão do país para a vacinação. A terapêutica é parte integrante das estratégias de mitigação da covid-19, mas são necessários mais testes e dados de demanda para garantir que estes possam ser implementados de forma eqüitativa’, diz a Ifpma. Segundo balanço da Airfinity, as infecções estão em alta, mas o número de mortes parece diminuir. 

Fonte: Valor




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