Liberação de máscaras contra o coronavírus ainda é inadequada, diz Fiocruz
08/10/2021
Apesar de voltar a destacar a sucessiva queda nos números de mortes e casos de Covid-19 no país, a Fiocruz afirmou, em seu mais recente Boletim Observatório, divulgado nesta quinta-feira (7), que ainda é essencial a manutenção das medidas preventivas para impedir que a circulação do vírus volte a aumentar. Segundo a instituição, estas medidas, como o distanciamento social e uso de máscaras, não estão sendo seguidas.
 

O Índice de Permanência Domiciliar feito pela Fiocruz mostra que, desde meados de julho deste ano, praticamente não há mais diferença de circulação de pessoas nas ruas em comparação ao que era observado antes do início da pandemia.

A instituição defende que, enquanto não houver uma cobertura vacinal ideal, deve-se manter a recomendação do uso de máscara, distanciamento físico, higienização das mãos, além de defender o passaporte vacinal.

 

De acordo com Margareth Portela, pesquisadora da Fiocruz e uma das responsáveis pelo boletim, a estratégia do combate à pandemia não pode ser centrada apenas na vacinação. Ela disse ser uma “temeridade” medidas que decretam a não obrigatoriedade do uso de máscara, como aconteceu no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

“Do nosso ponto de vista, essa liberação de máscaras ainda é inadequada. Temos ainda um nível de circulação [do vírus] alto, apesar das melhoras apresentadas. Para além da vacinação, que tem feito diferença importante no quadro epidêmico do país, temos ainda situações difíceis. A vacinação ainda não chegou ao ideal e continuamos tendo circulação do vírus muito elevada. Ainda há muitos testes positivos, muitos casos, (cerca de 17 mil novos casos e 500 óbitos diários). Isso mostra uma redução importante, mas ainda não dá para flexibilizar e dizer que 500 mortes não são nada. São muitas perdas diárias ainda”, avalia.

Portela acredita que as máscaras de proteção facial ainda terão que ser usadas por um bom tempo, pelo menos enquanto ainda houver circulação do vírus e a população não tiver sido totalmente vacinada.

“Ainda é muito difícil estipular uma data para o fim do uso de máscara. Mas quando colocamos uma data, o foco acaba virando a data em si, o que não é bom. Depende muito do contexto”, ponderou.

Portela também faz um alerta de que, apesar de pouco provável, ainda não se pode descartar o surgimento de uma nova variante, caso a circulação continue aumentando ao passo em que as medidas preventivas diminuem consideravelmente.

“Não estamos livres por exemplo de uma nova variante que “zere tudo” e recomece novamente os altos índices de casos e mortes. Apesar de ser algo pouco provável, é preciso ter atenção a isso. Por isso hoje acho uma precipitação liberar o não uso de máscaras”, conclui.

Na terça-feira (5), a prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, publicou um decreto desobrigando o uso de máscara facial no município. A cidade foi a primeira a derrubar a obrigatoriedade do equipamento de proteção. Após o decreto de Duque de Caxias, a CNN apurou que ao menos outras três capitais (Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo), avaliando a flexibilização do uso de máscaras.

Taxas de ocupação de leitos de UTI

A nova edição do Boletim Observatório Covid da Fiocruz também apresentou dados, coletados no dia 4 deste mês, das taxas de ocupação de leitos de UTI destinados ao cuidado de pacientes adultos contaminados com o vírus.

Na maioria dos estados do país, os índices de ocupação estão abaixo dos 50%. A exceção, diz a Fiocruz, é o estado do Espírito Santo que, desde 20 de setembro, se mantém na zona de alerta intermediário, apresentando taxa de ocupação de 75%. O Distrito Federal também preocupa, visto que, atualmente, de acordo com os dados divulgados pela fundação, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 83%. Porém, nesse caso, a Fiocruz ressaltou que está havendo uma retirada de leitos Covid-19 e que, neste momento, a situação está sob controle e esse aumento na taxa tem relação direta com a diminuição da oferta de leitos e não necessariamente com o aumento do número de casos graves.

Vinte e cinco estados estão fora da zona de alerta: Rondônia (34%), Acre (4%), Amazonas (27%), Roraima (45%), Pará (23%), Amapá (12%), Tocantins (33%), Maranhão (32%), Piauí (48%), Ceará (32%), Rio Grande do Norte (22%), Paraíba (17%), Pernambuco (50%), Alagoas (29%), Sergipe (16%), Bahia (27%), Minas Gerais (23%), Rio de Janeiro (46%), São Paulo (31%), Paraná (52%), Santa Catarina (39%), Rio Grande do Sul (54%), Mato Grosso do Sul (35%), Mato Grosso (35%) e Goiás (49%).

Entre as capitais, Brasília (83%) está na zona de alerta crítico. Quatro estão na zona de alerta intermediário: Porto Velho (65%), Vitória (73%), Rio de Janeiro (65%) e Porto Alegre (63%). As outras 22 estão fora da zona de alerta: Rio Branco (2%), Manaus (52%), Boa Vista (45%), Belém (8%), Macapá (12%), Palmas (27%), São Luís (21%), Teresina (37%), Fortaleza (26%), Natal (25%), João Pessoa (14%), Recife (50%), Maceió (45%), Aracaju (16%), Salvador (24%), Belo Horizonte (50%), São Paulo (40%), Curitiba (57%), Florianópolis (44%), Campo Grande (31%), Cuiabá (33%) e Goiânia (42%).





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