O comportamento do mercado de saúde suplementar em 2014 mantem a tendência histórica dos últimos cinco anos tendo as despesas crescendo mais que as receitas, considerando dados da 
Fenasaúde e do 
IESS os gastos já apurados do primeiro trimestres de 2014 foi 16% maior se comparados ao mesmo período de 2013.
Segundo os números, foram gastos R$ 9,4 bilhões de reais contra receitas de R$ 8,1 bilhões (no primeiro trimestre 2014); analisando os últimos cinco anos temos um crescimento nas despesas assistência de 67,9% contra a evolução das receitas na ordem 62,1%, esta defasagem segundo os dados das pesquisas tem como principais componentes o aumento dos custos de materiais e medicamentos e a judicialização.
O RX da medicina suplementar tem números significativos, como: 50,93 milhões de beneficiários, 21,07 milhões de beneficiários em planos exclusivos odontológicos, com 1.445 operadoras registradas na 
ANS (1.061 sendo apenas médica e 348 exclusivamente odontológicos), estes números geram 262,2 milhões de consultas ano, 8 milhões de internações ano, 709,2 milhões de exames complementares, estas posições fazem do deste mercado ter boas perspectivas de continuar crescendo, mas com uma gestão primorosa dos custos médico- assistenciais.
As analises mais detalhadas as internações representaram 61% do aumento nos custos (nestes custos estão os materiais OPME, medicamentos, insumos, taxas, etc...), os exames laboratoriais e de imagem 15%, consultas 9% e demais terapias 5%, o que demostra de forma clara que ainda estamos praticando uma medicina curativa onde a dependência de internações representam mais do que a metade dos gastos assistências.
Ate aqui nenhuma novidade, tudo indica que estes números são previsíveis uma vez que muito pouco se fez em termos de prevenção o que tem levado as fontes pagadoras promover rodadas de negociações com os fornecedores e prestadores visando redução de custos e nem sempre com a manutenção da qualidade no fornecimento dos serviços.
Com quadro econômico de despesas crescendo mais do que as receitas nos últimos cinco anos, reclamações generalizadas quanto à qualidade dos atendimentos e considerando também que neste período a ANS modificou o rol de procedimentos incluindo novas coberturas para as operadoras sem necessariamente avaliar o impacto financeiro, agravando-se com judicialização dos procedimentos de custos elevados, podemos até festejar os resultados. A falta de concorrências no meio prestador: hospitais, laboratórios e outros serviços, têm gerando inclusive disputas por leitos, filas para exames e consultas, com isso não deveremos ter grandes mudanças nos próximos anos, salvo o rigor nas negociações, nas avaliações dos procedimentos e a liberação dos mesmos por parte das operadoras.
 Neste sentido cabe uma analogia com outros setores da economia que diante a crises de custos e gestão da demanda tomaram atitudes procurando: padronizar as rotinas e os materiais (pacotes), selecionar os fornecedores por qualidade e custos (negociações de fornecimentos), auditar processos com base cientifica (auditória com base na medicina por evidencia), produtividade (contratar prestadores com balizamento de resultados, tempo de internação) e comprometimento dos meios de produção (envolver os médicos e meio assistencial nos processos visando resultados com qualidade).
Passa a ser senso comum que para melhorar a situação da saúde no país, é preciso discutir novas fontes de financiamento e principalmente transparência na administração de todos os envolvidos tanto no setor publico como no privado, considerando o custeio publico para setor de saúde (comparativo com outros países) temos visivelmente uma incapacidade de cobertura o que acaba levando o cidadão a buscar os serviços privados.
O orçamento publico para 2014 esta previsto em 106,0 bilhões de reais atendendo aproximadamente 150 milhões de brasileiros, o setor privado assistindo 50,93 milhões de benificiário prevê orçamento de despesas para o mesmo período na ordem de 87,0 bilhões de reais, não precisa ser matemático ou economista para verificar que estamos diante a sérios problemas, o financiamento publico por beneficiário esta muito baixo e o privado muito alto, para exemplificar vejamos os números de alguns países (gastos públicos em % do PIB):
	
		
			| PAÍS (fonte Word Health Statistics 2014) | ANO 2000 | ANO 2011 | 
		
			| ARGENTINA | 9,2% | 7,9% | 
		
			| BRASIL | 7,2% | 8,9% | 
		
			| PARAGUAI | 8,1% | 8,9% | 
		
			| URUGUAI | 11,2% | 8,6% | 
		
			| CHILE | 7,7% | 7,1% | 
		
			| AFRICA DO SUL | 8,3% | 8,7% | 
		
			| INDIA | 4,3% | 3,9% | 
		
			| RÚSSIA | 5,4% | 6,1% | 
		
			| ALEMANHA | 10,4% | 11,3% | 
		
			| FRANÇA | 10,1% | 11,6% | 
		
			| ESTADOS UNIDOS | 13,3% | 17,7% | 
	
  
Para os que vivem do setor de saúde: fabricantes de materiais, fabricantes de medicamentos e insumos, distribuidores, importadores máster, prestadores dos serviços (hospitais, laboratórios, médicos, fator humano assistencial), empresas de TI, de logística, de assessoria, consultoria, operadoras, seguradoras, autogestão, autarquias e serviço publico em geral, o momento e de elaborar planejamento visando melhorar a qualidade dos atendimentos (afinal mesmo sendo saúde este setor é de serviços), com melhores custos, com compromisso com os resultados dos procedimentos e processo, terminar com os desvios de recursos, com a pratica médica temerária quanto à indicação de determinados procedimentos, acabar inclusive com a judicialização (neste caso que mais ganha são os advogados e fornecedores de materiais especiais), acabar com as concorrências (licitações) de compras fraudulentas, enfim praticar o setor dentro ética e dentro de valores mercadológicos atuais visando o bem estar do usuário não importando se publico ou privado.
Pedro Paulo Andrade – PPTA Saúde – para TM Jobs