Fiocruz: Ocupação de UTIs volta a subir; 1/3 dos Estados têm alerta 'intermediário e crítico'
13/01/2022
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que houve uma mudança no patamar de ocupação de leitos de UTI para adultos pacientes de covid-19 no país no começo do ano no Sistema Único de Saúde (SUS). Em nota técnica sobre o tema, que utiliza dados históricos do Boletim Observatório Covid, a fundação aponta que um terço das unidades federativas e dez capitais encontram-se no momento em zonas de alerta intermediário e crítico na ocupação de UTIs.
 

A piora desse indicador coincide com avanço de número de casos da doença no Brasil, impulsionado por nova variante da covid-19, a ômicron, mais transmissível. 
 

A entidade indica que as próximas semanas precisam ser monitoradas e que é esperado que o número de casos novos de covid-19 ainda atinja níveis muito mais elevados. Isso pode pressionar a demanda por serviços de saúde, o que inclui leitos de enfermaria e UTI, ressaltou a fundação. 
 

Os pesquisadores da fundação visualizaram estritamente as taxas de ocupação de leitos de UTI observadas em 10 de janeiro, em confronto com a série histórica desse indicador, que consta do Boletim Observatório Covid, para elaborar nota técnica sobre o assunto. 
 

Na nota técnica, veiculada ontem, a fundação detalhou que no que concerne ocupação de leito de UTI, o Estado de Pernambuco (82%) está na zona de alerta crítico, ou seja, com taxa de ocupação acima de 80% nesse dado (82%). Com taxas nas faixas de 70% a 60%, Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%), Goiás (67%) e o Distrito Federal (74%) estão na zona de alerta intermediário. 
 

Entre as capitais, se encontram com ocupação acima de 80%, ou em zona de alerta crítico, Fortaleza (88%), Recife (80%), Belo Horizonte (84%) e Goiânia (94%). Por sua vez, na zona de alerta intermediário encontram-se as taxas de ocupação nas cidades de Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%). 

 

A Fiocruz pontua que há diferenças no patamar de número de leitos e no número de internações em UTI hoje ante meados de 2021, sendo predominantemente muito menor do que observado em 2 de agosto, quando, já no quadro de arrefecimento da pandemia, leitos começavam a ser retirados. No entanto, os técnicos observaram que os dados, no começo desse ano, evidenciam mudança no patamar de ocupação de leitos de UTI relacionados à doença. 
 

Segundo os dados da Fundação, as altas taxas de ocupação de UTIs também se devem à desativação de leitos para covid-19. Em agosto, quando a pandemia começou a arrefecer, havia 18.885 leitos disponíveis, e 10.330 estavam ocupados. Em 10 de janeiro deste ano, esses números eram de 10.894 leitos, queda de 42%, e 4.367 pacientes internados, queda de 58%. Os dados não incluem o Estado de São Paulo. 

"Sem minimizar preocupações com o novo momento da pandemia, consideramos fundamental ratificar a ideia de que temos um outro cenário com a vacinação e as próprias características das manifestações da covid-19 pela ômicron", afirmam os pesquisadores da Fiocruz, na nota técnica. "Por outro lado, não podemos deixar de considerar o fato de a ocupação de leitos de UTI hoje também refletir o uso de serviços complexos requeridos por casos da variante Delta e casos de Influenza [além de pacientes contaminados por variante ômicron]", ressaltam os pesquisadores. 
 

A Fiocruz ressaltou que o Painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde que recebe dados diretamente das secretarias estaduais de Saúde, demonstra que na primeira Semana Epidemiológica de 2022, de 2 a 8 de janeiro, mostrou grande incremento de casos registrados, passando de 56.881 para 208.018. "Possivelmente este número é muito maior", alertaram os pesquisadores. 
 

Assim, no cenário atual, com alta transmissibilidade e infecções por covid-19, e grande crescimento do número de casos e de demanda por serviços de saúde, os pesquisadores da fundação fazem recomendações. Para os técnicos, é fundamental o fortalecimento de medidas de prevenção, com a obrigatoriedade de uso de máscaras em locais públicos, a exigência do passaporte vacinal e o estímulo ao distanciamento físico e higiene constante das mãos, ressaltaram os técnicos da fundação. 
 

Os pesquisadores recomendaram ainda, aos gestores de saúde, atenção à necessidade de reabertura de leitos, bem como reorganizar a rede de serviços de saúde no sentido de dar conta dos desfalques de profissionais afastados por contrair a infecção. Assim, os gestores poderiam garantir a atuação eficiente da atenção primária em saúde no atendimento a pacientes, empregando, por exemplo, teleatendimento. 
 

A fundação também mencionou importância de prosseguir na vacinação da população contra covid-19.

Fonte: Valor




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