Saúde Digital, a saúde do futuro e o que fazer para chegar lá
21/01/2022

Costumo dizer que a primeira e mais importante ação para qualquer projeto na vida pessoal e profissional é a decisão de fazê-lo. E com a Saúde Digital não é diferente. A transformação digital que envolveu o nosso setor nos últimos anos veio para ficar porque trouxe aos pacientes a experiência do autocuidado, com possibilidades irrestritas de acesso ao profissional de Saúde que melhor pudesse atendê-los, sempre que for preciso.

Portanto, a saúde do futuro é inegavelmente digital, e o maior ganho é o de aproximar coisas que antes eram distantes à velocidade de um clique.


Eu mesmo testemunhei isso acontecer com um amigo próximo há algumas semanas. Ele precisava fazer uma cirurgia delicada, estava com medo e, com a possibilidade de realizar uma teleinterconsulta com profissionais de outros estados e até países, foi se motivando para realizar um procedimento que vai melhorar em muito o seu estado físico.

Só que para tudo isso e muito mais funcionar é preciso dar um passo além e usar os dados médicos dos usuários em prol da preditividade. À Saúde cabe aprender com o exemplo dos bancos, que começaram seu processo de conectividade no fim da década de 1980 e agora, neste ano de 2021, chegamos em um ponto onde o pagamento via Pix pôde ser implantado rapidamente e de forma que ninguém mais imagina como será o sistema financeiro de agora em diante sem essa facilidade que a tecnologia trouxe.

Alguns anos atrás, entre 2016-2017, o Ministério da Saúde e o Tribunal de Contas da União realizaram um estudo sobre a economia que o PEP unificado traria aos cofres públicos, já que, com a informação reunida em um único lugar, vários exames não seriam repetidos nem consultas feitas em duplicidade. E o valor que encontraram foi bastante expressivo: cerca de R$ 20 milhões por ano. Mas por que desde então esse projeto não se concretizou na Saúde Pública?

E a resposta está na interconectividade e interoperabilidade, duas áreas nas quais a Saúde Digital precisa avançar mais para que os dados dos usuários sejam de fato integrados e passem a ser uma propriedade do cliente e não mais da instituição. Trata-se de uma mudança de mentalidade na área da Saúde, mas a semente precisa ser plantada para evoluir e dar os frutos que todos buscamos: mais qualidade de vida a todos. 

A MV já está investindo neste cenário futuro com um projeto pioneiro de integrar todo o sistema de Saúde da cidade de Belo Horizonte. Dessa forma, ela será a primeira capital do País a ter uma Saúde Digital completa, com dados que cheguem ao repositório dos pacientes.

Se o comum até agora era que diferentes instituições de Saúde dentro de um mesmo município operassem de forma desintegrada, isso está prestes a mudar em BH. A interconectividade fará com que diferentes ecossistemas se juntem e os dados ali gerados sejam vinculados a um único CPF, ou seja, ao paciente em si. Já o paciente, ao usar diferentes devices, como smartwatches, e aplicativos de celular estará inserindo outros dados relevantes de saúde a esse sistema, sempre de forma automatizada. 

E essa rica biblioteca de dados vai, por fim, trazer a tão sonhada preditividade para a saúde futura para que cada indivíduo cuide melhor de si e para que as operadoras de Saúde possam traçar programas de atenção básica e de cuidado continuado para aqueles que mais necessitam. Com a vantagem de essas informações ainda poderem ser usadas para reduzir o custo da assistência que o plano de Saúde cobra hoje dos empregadores – afinal, se mais pessoas estão se “autocuidando” preventivamente, o uso emergencial é reduzido. 

Para todo esse planejamento funcionar é preciso ainda investir em infraestrutura e mais tecnologia. Os sistemas de gestão precisarão estar na nuvem para que os dados possam ser integrados e novas funcionalidades devem surgir tanto para o paciente, quanto para o profissional de Saúde, já que o smartphone se transformará de vez em uma estação de telemedicina

Os desafios que vamos percorrer são muitos, mas tenho certeza que, ao final, a Saúde Digital será focada na pessoa. O cliente é o agente principal de tudo, com o qual nós, os atores da mudança, precisamos aprender a nos integrar. 

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*Paulo Magnus é presidente da MV.





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