Hospital Moinhos de Vento investe para ocupar espaço no Sul
12/04/2022
“Não pode ficar pequeno demais para caber na boca dos outros”. A frase do economista Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, mostra sua estratégia diante da consolidação do setor hospitalar. 
 

Segundo Parrini, os grupos consolidadores ainda têm uma presença tímida no Rio Grande do Sul, devido à dificuldade para entrar no mercado da região. Mas, mesmo com essa relativa calmaria, o Moinhos de Vento acompanha a movimentação do mercado e vem investindo em várias frentes como expansão, corpo clínico, pesquisa, tecnologia e gestão para não ser engolido. Em 2021, sua receita ultrapassou, pela primeira vez, a casa do R$ 1 bilhão e seu caixa está em R$ 400 milhões. 

Uma das estratégias adotadas pelo hospital gaúcho é abrir unidades de atendimento em vários pontos da cidade, o que acaba dificultando a entrada de concorrentes. Atualmente, o Moinhos tem duas dessas unidades e terminará o ano com um total de cinco pronto atendimentos. Os casos complexos, que são a menor parte, são encaminhados ao hospital. “Queimamos Ebitda para investir em expansão e qualidade. Hoje, nossa margem Ebitda está em 12%”, disse o presidente do Moinhos de Vento, que é uma instituição filantrópica. 

O superávit do hospital saltou de R$ 24,8 milhões para R$ 80,7 milhões, no ano passado. Essa forte expansão nos indicadores econômicos deve-se à retomada dos procedimentos médicos que ficaram represados em 2020, quando começou a pandemia - movimento registrado em todo o setor. 

Outro foco do Moinhos é o investimento em pesquisa clínica, que tem atraído médicos renomados. Hoje o instituto de pesquisa do hospital, que é um dos maiores do país, tem em andamento 141 projetos, sendo 80 ensaios clínicos de diversas áreas, como oncologia. Entre 2020 e 2021, a receita do centro de pesquisa aumentou 4,5 vezes para R$ 13,4 milhões por conta forte demanda de estudos sobre a covid-19. 

Com 500 leitos, o Moinhos de Vento faz parte de um grupo de seis hospitais filantrópicos que revertem a imunidade tributária em projetos para a rede pública de saúde. Esse grupo é formado por Albert Einstein, Sírio-Libanês, Alemão Oswaldo Cruz, HCor, BP - Beneficência Portuguesa e Moinhos de Vento. No modelo tradicional de filantropia, os hospitais precisam realizar cerca de 60% dos seus atendimentos a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para ter a isenção tributária. Porém, a tabela de remuneração por esses serviços está defasada há anos, gerando perdas. 

Com caráter filantrópico desde sua fundação, a gestão do Moinhos foi profissionalizada em 1989, um período em que era incomum ter executivos à frente de hospitais sem fins lucrativos. “Nossa alma é social, pública, mas nossa mente é privada, buscamos escala e competitividade”, disse Parrini que assumiu o posto de CEO em 2016. 

Essa linha liberal é apoiada pelo conselho do hospital, formado por vários executivos de mercado e representantes das famílias que ajudaram a patrocinar a construção do hospital, fundado em 1927 para atender, inicialmente, à comunidade alemã no Brasil. Na época, essa população estava desassistida de serviços de saúde devido à Primeira Guerra Mundial. No conflito, Brasil e Alemanha estavam em lados opostos. 

Entre os patrocinadores do hospital, cujo nome na época era Deutsche Krankenhaus, havia comerciantes alemães como a família Gerdau, que até hoje faz parte do conselho do hospital. “Nosso principal objetivo é conciliar uma visão de futuro estratégica de mercado, mantendo os valores históricos de 95 anos do Hospital Moinhos de Vento”, disse Eduardo Bier, presidente do conselho do Moinhos, fundador da cervejaria Dado Bier e sobrinho de Jorge Gerdau Johanpetter. 

Na Segunda Guerra Mundial, o hospital teve seu nome alterado para Moinhos de Vento, bairro de Porto Alegre onde está localizado. 

 

Fonte: Valor




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