Sírio-Libanês cria fundo patrimonial
19/04/2022

Num cenário de forte concorrência e sem poder captar recursos com investidores por ser instituição filantrópica, o Hospital Sírio-Libanês criou um fundo patrimonial (ou “endowment”) que pretende ter R$ 100 milhões em cinco anos. Os recursos serão aplicados, principalmente, para pesquisa, ensino e abertura de unidades ambulatoriais. 

Esse é o primeiro movimento do Sírio-Libanês após a criação de um cargo de executivo-chefe (CEO) e a contratação do engenheiro Paulo Nigro, ex-Aché e Tetra Pak, em dezembro. Nigro foi chamado para ajudar o Sírio que, nos últimos anos, vem perdendo médicos renomados para grandes grupos capitalizados como a Rede D’Or. Este grupo controlado pela família Moll, além de pagar salários generosos a uma parte de seu corpo médico, investe em pesquisas por meio do Instituto D’Or - um atrativo para profissionais de saúde. Médicos conceituados buscam liderar áreas de pesquisa que, até então, estavam concentradas em instituições sem fins lucrativos. 

 

Nesse contexto faz sentido ter um fundo patrimonial focado em pesquisa. “Somos a primeira instituição de saúde do país a ter um ‘endowment’. Com a pandemia, houve um aumento das doações e maior sensibilização da importância da pesquisa clínica”, disse. 

Atualmente, o Sírio-Libanês recebe doações para projetos específicos. Em geral, os doadores são famílias e empresas ligadas à comunidade fundadora do hospital, que neste ano completou um século, além de ex-pacientes. “Conversamos com algumas empresas e doadores pessoa física que se mostraram entusiasmados com um ‘endowment’ por sua perenidade”, disse Nigro. Num fundo patrimonial, apenas os rendimentos do fundo são utilizados e o principal fica preservado. Além disso, pela atual legislação, os recursos do ‘endowment’ não podem ser resgatados para pagamento de dívidas e despesas rotineiras das instituições beneficiadas. 

 

Em relação ao mercado dos Estados Unidos, o Brasil ainda engatinha nesse tipo de fundo. As referências mundiais em ‘endowment’ são as universidades de Harvard, com patrimônio de cerca de US$ 42 bilhões, seguida de Yale, com US$ 31 bilhões, e Stanford, que tem um fundo de US$ 29 bilhões. 

Segundo Nigro, há também planos de captar recursos com instituições internacionais de pesquisa, o que também abrirá portas para estudos entre pesquisadores estrangeiros e brasileiros ligados ao Sírio-Libanês. No ano passado, os pesquisadores ligados ao Sírio tiveram 405 trabalhos publicados em revistas científicas. 

Outra parte do ‘endowment’ será destinada a projetos sociais do Sírio como, por exemplo, abertura de unidades ambulatoriais de pediatria, para exames de ultrassom e câncer de mama. “As doações vão financiar projetos relacionados à promoção de saúde, qualificação profissional e melhoria da qualidade de vida de pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social”, disse Denise Jafet, presidente do conselho de administração da Sociedade Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês. O Sírio usa a isenção de impostos para projetos sociais e ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Em 2020, o Sírio teve receita líquida de R$ 2,2 bilhões em linha com o desempenho de 2019, mas déficit de R$ 119,4 milhões - houve superávit de R$ 70,9 milhões em 2019. No primeiro ano de pandemia, em 2020, o setor hospitalar apurou perdas devido à covid-19, que fez muitos pacientes adiarem procedimentos. O balanço de 2021 ainda não foi divulgado. 

Fonte: Valor




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