Com a previsão de queda na receita recorde obtida graças ao sucesso de sua vacina contra a covid-19 e sua pílula antiviral, a Pfizer vinha tentando realizar aquisições para sustentar seu crescimento. O negócio é o maior realizado pela companhia desde a aquisição da Medivation por US$ 14,3 bilhões em 2016.
Analistas esperavam um boom de negócios após queda nas ações de tecnologia neste ano, criando oportunidades para as “Big Pharma”, como são conhecidas as grandes companhias farmacêuticas. Um grande número de grupos farmacêuticos vem tentando reforçar suas linhas de produtos antes de perder a exclusividade sobre medicamentos de grandes vendagens.
A Biohaven, fundada em 2013, é especializada em medicamentos voltados para doenças neurológicas e distúrbios raros. Seu medicamento mais conhecido é o Nurtec ODT, que foi aprovado tanto para o tratamento agudo como para a prevenção de enxaqueca em adultos. Ela também está desenvolvendo uma terapia intranasal para a enxaqueca, o zavegepant.
A companhia sediada em Connecticut deverá se beneficiar do crescente mercado de medicamentos para enxaqueca, onde uma nova geração de medicamentos vem se mostrando mais eficaz.
Evan Seigerman, analista da BMO Capital Markets, disse que a aquisição foi uma boa opção para a Pfizer e proporcionará sinergias de custos. “O Nurtec confirmou cinco dos seis critérios que a Pfizer usa para adquirir um ativo, incluindo alta complementação ao portfólio, alto nível de redução de risco clínico, elevado potencial comercial, baixas exigências de infraestrutura e baixo risco antitruste”, afirmou ele.
Mas Seigerman disse que os investidores da Pfizer deverão pressionar por mais negócios e que a companhia ainda tem um poder de fogo de quase US$ 200 bilhões.
O Nurtec poderá gerar US$ 2 bilhões em vendas globais até 2026 e manterá a proteção intelectual pelo menos até 2033, segundo estimativa da Evaluate Pharma.
“Acreditamos que a Pfizer está posicionada de forma única para ajudar o portfólio da Biohaven a atingir o seu pleno potencial, dada a nossa escala e capacidade de liderança”, afirmou Nick Lagunowich, diretor de medicina interna da Pfizer.
Como parte do negócio, os acionistas da Biohaven também receberão 0,5 ação da New Biohaven, uma nova companhia de capital aberto que será estabelecida, para cada ação já possuída da Biohaven.
A New Biohaven terá o direito de receber certos royalties assim que as vendas líquidas anuais de dois dos principais produtos da Biohaven, o rimegepant e o zavegepant, ultrapassarem US$ 5,25 bilhões.
A Pfizer investiu US$ 350 milhões na Biohaven no ano passado, adquirindo 2,6% de suas ações por US$ 173 cada. As ações da Biohaven subiram pouco mais de 70% ontem antes a abertura oficial do pregão em Nova York.
Além das receitas de seus produtos contra a covid-19, a Pfizer também se beneficiou do desmembramento de sua operação de genéricos UpJohn, que se juntou à Mylan para formar a Viatris no fim de 2020. A Pfizer também terá a oportunidade de vender sua joint venture de saúde do consumidor com a GlaxoSmithKline, quando esta for listada como Haleon em Londres no terceiro trimestre.
A Pfizer gastou US$ 6,7 bilhões com a Arena Pharmaceuticals em dezembro, atraída por seus medicamentos para doenças imuno-inflamatórias, e pagou US$ 2,3 bilhões em agosto pela Trillium Therapeutics, visando tratamentos para câncer no sangue.