“Além do investimento na estrutura, vamos colocar nossa expertise, fazer pesquisas de oncologia na nova empresa”, disse Denise Santos, presidente da BP. “É uma forma de expandir nosso conhecimento em oncologia em território nacional”, complementou. É a primeira vez que um hospital filantrópico se associa a empresas com fins lucrativos. As instituições filantrópicas também estão sendo afetadas pela concorrência, com a perda de médicos renomados.
Com essa sociedade, o grupo hospitalar, a rede de medicina diagnóstica e a seguradora de saúde passam a investir ao mesmo tempo em tratamento de câncer, uma das doenças com o maior incidência no mundo e com estimativa de 66,3 mil novos casos neste ano no Brasil, e um modelo de atendimento médico conhecido como cuidado integrado. Neste formato, uma das principais tendências no setor, as empresas de saúde participam de várias etapas do atendimento médico.
As operadoras verticalizadas foram as primeiras a apostar nesse modelo como uma ferramenta de redução de custos e reduzir a dependência de prestadores de serviços de saúde que ganham no volume. Na outra ponta da cadeia, há cerca de três anos, a Dasa puxou a fila do conceito de cuidado integrado ao investir em hospitais.
Em 2020, o Fleury decidiu diversificar seu negócio e também aposta em clínicas médicas para estar presente em mais um elo da cadeia de saúde. “Considerando o envelhecimento da população e o consequente aumento de casos de câncer, o diagnóstico precoce é essencial”, disse Jeane.
Segundo Carlos Marinelli, diretor geral da Atlântica Hospitais, a entrada da Bradesco na sociedade “é uma forma da seguradora participar da cadeia de valor de saúde”. A seguradora criou, em 2021, um braço para investir em hospitais. Segundo fontes, essa estratégia se intensificou após a SulAmérica, sua principal concorrente, ter sido vendida à Rede D’Or. Nesse cenário, há ainda as incertezas sobre o futuro da UnitedHealth, dona da Amil, no Brasil e a competição representada pela fusão entre as operadoras verticalizadas Hapvida e NotreDame Intermédica, que juntas tem mais de 80 hospitais.
Marinelli, que começou a discutir a criação da nova empresa de oncologia antes da pandemia, quando ainda era presidente do Fleury, explica que há sinergias entre a nova empresa e as clínicas da Atlântica. “Os pacientes que terminaram seu tratamento de câncer podem ser acompanhados por um médico das nossas clínicas”, disse.
O executivo ponderou, que os contratos de prestação de serviços das clínicas da Atlântica, e o credenciamento da Bradesco Saúde com a nova empresa terão os mesmos critérios de mercado. A criação da nova empresa depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).