Treinamento e conscientização são fundamentais para mitigar riscos de incêndio em hospitais
Webinar exclusivo para associados da Anahp reuniu especialistas para discutir o tema e compartilhar experiências
01/07/2022

Na última quinta-feira (30/06), a Associação Nacional dos Hospitais Privados – Anahp, por meio de seu Grupo de Trabalho (GT) de Proteção Hospitalar, promoveu o webinar Incêndios em ambientes hospitalares: É possível mitigar riscos?, exclusivo para associados. O evento reuniu representantes de 60 hospitais, totalizando mais de 200 participantes. Diante da pergunta do tema, Jessé Teixeira, coordenador de Segurança Patrimonial do Hcor, hospital que já enfrentou um incidente relevante nessa área, garantiu que, “com exceção dos eventos naturais, todos os outros riscos podem ser mitigados”.

Marcos Kahn, engenheiro eletricista de Segurança do Trabalho e autor do manual de prevenção de incêndio da Anvisa, destacou que as estatísticas sobre a ocorrência de incêndios em serviços de saúde no Brasil são precárias e os dados indicam clara subnotificação. Mesmo assim, os números disponíveis mostram uma situação muito mais grave do que em outros países mais avançados na prevenção, sobretudo em termos de consequências, como o número de mortes. “Incêndios acabam acontecendo, mas a extensão dos danos vai depender do quanto a organização está preparada”.

Dov Smaletz, gerente de Segurança do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do GT da Anahp, mostrou que, de acordo com o relatado pela imprensa, ocorreram 102 incêndios em hospitais no país desde 2019. Ele detalhou que, diferentemente do que acontece nos Estados Unidos, onde a maioria dos eventos começa na cozinha, o principal foco no Brasil é elétrico, principalmente curto-circuito. E ainda existem causas mais primárias, como uma ponta de cigarro ou faísca de solda.

José Ribeiro de Vasconcelos Filho, diretor de Segurança da Rede D’Or, revelou que recebe dezenas de notificações de indícios de incêndio nos hospitais do grupo mensalmente, todas verificadas e controladas de imediato. Ele ressaltou, aliás, que esses comunicados são fundamentais para o planejamento e a prevenção. “Até o alarme falso é importante para avaliar e aprimorar os processos”, ensinou.

Todos os especialistas concordaram que o principal para a mitigação é a conscientização e o treinamento. Victor Hugo Caldas, engenheiro de Segurança do Trabalho do Hospital São Lucas Copacabana, que também já enfrentou um incêndio, afirmou que as simulações são fundamentais. “Nada do que aconteceu naquele dia foi novidade para o nosso pessoal. Todas as situações já haviam sido treinadas”, lembrou. E o que saiu um pouco fora do esperado, continuou, foi rapidamente contornado por haver uma “cultura de segurança” no hospital.

Nesse sentido, Marcos Marzano, coordenador nacional de Prevenção a Incêndio da Rede D’Or, destacou o protagonismo dos líderes para “disseminar normas e políticas internas” e a importância de a organização ter um projeto de “educação continuada, com ações rotineiras”. “Não bastam treinamentos periódicos”, ressaltou. Teixeira, do Hcor, completou com a necessidade de “processos bem definidos desde a alta liderança até a ponta” e com todos sabendo exatamente o seu papel e o que deve ser feito.

Além disso, Vasconcelos, da Rede D’Or, salientou o valor da infraestrutura adequada, com espaços bem planejados para situações de emergência e sinalização de acordo com as normas de segurança. O engenheiro Kahn acrescentou que a arquitetura deve ser voltada para a prevenção, com a “construção em caixinhas para evitar que o fogo e a fumaça passem de um compartimento para outro”. Isso é fundamental, disse, “porque a natureza dos serviços de saúde impede uma evacuação completa sem danos”. Teixeira, do Hcor, explicou que a tecnologia qualifica as informações e permite respostas mais rápidas. Martins, do São Lucas Copacabana, completou com a necessidade de as equipes de segurança conhecerem o hospital “como a palma da mão”, e de ter atenção aos detalhes. “Nada é bobagem. O extintor tem que estar no lugar e a mangueira tem que estar pronta”, afirmou.

Evelyn Tiburzio, diretora técnica da Anahp, informou que a mitigação dos riscos de incêndio é “um tema estratégico que a Anahp tem obrigação de colocar em pauta”. Daniel Teixeira, gerente de Segurança e Serviços do Hospital Sírio-Libanês e também coordenador do GT de Proteção Hospitalar da Anahp, concordou que o tema é amplo e recorrente e que provavelmente a associação vai promover novas discussões sobre o assunto.

Fonte: ANAHP




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