Dasa usa metaverso para planejar cirurgias e melhorar eficiência médica
21/09/2022

Quando o assunto é metaverso, muita gente imagina um espaço voltado para o entretenimento. No entanto, as possibilidades de aplicação desta tecnologia vão além da diversão, sendo encontrada em muitos ambientes profissionais, como em hospitais e laboratórios clínicos, onde ajuda os especialistas no diagnóstico e no tratamento de doenças.

O grupo Dasa, uma das principais marcas de saúde integrada, é um exemplo de como o ambiente digital imersivo pode ser utilizado na resolução de problemas físicos. Recentemente, uma equipe de médicos conduziu uma cirurgia para separar gêmeos craniópagos - bebês que nasceram unidos pelo crânio - usando o metaverso para planejar o procedimento.

 

Esse tipo de operação já existe há alguns anos, mas é considerada de alta gravidade. Para reduzir os riscos, os profissionais decidiram reproduzir o crânio conjunto no universo digital e, assim, discutir a intervenção com um time multidisciplinar com integrantes espalhados pelo Brasil e por outros países.

O ginecologista e obstetra Heron Werner acompanhou a gravidez da mãe dos gêmeos e lembra que só foi possível concluir a separação quando as crianças completaram 4 anos de idade. “Eles foram separados aos poucos, o processo todo teve nove etapas. A cada fase, nós fazíamos reuniões de planejamento cirúrgico, usando impressão 3D e inteligência artificial”, destaca.
 

Antes da última fase, onde ocorre a separação em si, os médicos brasileiros se juntaram a especialistas da Inglaterra - que já tinham mais experiência nesse tipo de cirurgia - dentro de uma plataforma artificial para discutir o caso clínico e definir o melhor caminho para o procedimento.

Eles fizeram, então, o planejamento da cirurgia final no metaverso. Apenas um membro do grupo britânico veio ao Brasil para participar presencialmente da operação. "Acredito que, no futuro, ele nem precisará vir aqui, basta aparecer na cirurgia com óculos de realidade aumentada e se integrar à equipe médica”, diz Werner, também coordenador do laboratório de biodesign da Dasa, que mantém o projeto em parceria com o Instituto de Matemática Aplicada (IMPA) e a PUC-Rio.

Uso do metaverso na medicina

O metaverso é um universo online que pode ser construído com base nas necessidades de um negócio. Na área da saúde, ele se destina a fortalecer o intercâmbio entre médicos, possibilitando que, mesmo à distância, mais opiniões sejam ouvidas sobre um caso, o que proporciona maior eficácia na investigação do trauma ao mesmo tempo em que agiliza o caminho do tratamento.

Por permitir um contato imersivo, quando relacionado a outras tecnologias avançadas, a exemplo da tomografia computadorizada, essa virtualização permite que os profissionais tenham uma noção mais detalhada do problema. Isso porque eles conseguem escanear, manusear e acessar um órgão internamente.
 

Época NEGÓCIOS participou de uma experiência dentro de uma sala de medicina fetal, um ambiente que tinha versões grandes e detalhadas do sistema reprodutivo feminino. A reportagem acessou a tuba uterina, estrutura que tem a responsabilidade de levar os óvulos do ovário ao útero. “Nós estamos dentro da cavidade, que é baseada em microtomografia. São imagens reais, obtidas por meio de exames”, explicou a equipe do laboratório.

A Dasa tem realizado experiências com alguns hospitais parceiros, como o São Lucas, no Rio, em um processo já definido, conforme explica o ginecologista Werner. Primeiro, os médicos mandam um quadro complexo para o laboratório de biodesign, que o reproduz no metaverso de forma mais detalhada. Depois, as equipes se conectam no ambiente simulado - com óculos de realidade aumentada - e discutem o caso no local.

O plano é estender a tecnologia para toda a rede de clínicas e hospitais e, ainda, levar o conhecimento para universidades. “Podemos dar aulas dentro da própria estrutura”, preveem os especialistas.

Inteligência artificial no apoio à decisão médica

Os algoritmos também compõem outra frente de tecnologia da rede de laboratórios e hospitais, dando suporte à equipe clínica. Felipe Kitamura, superintendente de inovação aplicada e inteligência artificial da Dasa, destaca que 20 sistemas de AI (sigla de inteligência artificial, em inglês) estão ativos para entregar diagnósticos mais conclusivos aos médicos e pacientes.
 

No campo respiratório, com base na tomografia do tórax, um sistema de análise consegue quantificar o grau de acometimento pulmonar de alguém com covid-19, por exemplo. Já nos casos ortopédicos, com radiografias da mão e do punho, outros algoritmos são capazes de definir a idade óssea dos membros.

Além de corroborar a descoberta de patologias, esses sistemas aceleram o processo de tratamento. Em vez de esperar que o paciente retorne à clínica para retirar o resultado do exame - e ainda remarque uma consulta com seu doutor -, os profissionais que acompanham os sistemas de inteligência artificial conseguem enviar o diagnóstico direto para o médico.

“A gente não interfere na jornada de atendimento, nem no contato clínico”, ressalta Kitamura. "O algoritmo complementa o médico, e os dois atuando juntos proporcionam um melhor retorno aos pacientes", finaliza.





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